Efeitos da Dapagliflozina na Deformação Cardíaca na Insuficiência Cardíaca
27 de fevereiro de 2025
5 minutos de leitura
A dapagliflozina melhora a função e a geometria do ventrículo esquerdo em pacientes não diabéticos com Insuficiência Cardíaca com fração de ejeção reduzida (ICFER) e com fração de ejeção levemente reduzida (ICFElr)?
A dapagliflozina, um inibidor do cotransportador de sódio-glicose tipo 2 (SGLT2), reduz eventos cardiovasculares em pacientes com insuficiência cardíaca (IC), com ou sem diabetes, sendo recomendada por diretrizes internacionais. Estudos como DECLARE-TIMI-58, DAPA-HF e DELIVER mostram benefícios na sobrevida, hospitalizações e qualidade de vida em ICFER, ICFElr e na IC de fração de ejeção preservada (ICFEP). Além dos efeitos metabólicos, a dapagliflozina pode promover remodelamento reverso do ventrículo esquerdo (VE) e melhora nas funções cardíacas, esses efeitos foram vistos particularmente em pacientes com ICFER, diabéticos e utilizando técnicas simples de ecocardiografia. Neste sentido, o estudo DAPA ECHO avaliou o impacto da dapagliflozina na função e geometria do VE, utilizando ecocardiografia com Speckle Tracking (EST), em pacientes não diabéticos com ICFER e ICFElr.
Este ensaio clínico randomizado.
Prospectivo.
Centro único.
Aberto.
Randomização em proporção 1:1 em blocos.
Os pacientes passaram por avaliação clínica, bioquímica e ecocardiográfica antes da randomização e após 3 e 6 meses.
O artigo não descreve cálculo de tamanho da amostra.
Pacientes ambulatoriais não diabéticos com ICFER ou ICFElr.
Pacientes adultos com diagnóstico de insuficiência cardíaca com fração de ejeção reduzida ou levemente reduzida.
Pacientes não diabéticos.
Pacientes que estavam recebendo terapia médica otimizada para insuficiência cardíaca, exceto inibidores do SGLT2.
Terapia Médica Otimizada estável por pelo menos 6 meses antes da avaliação inicial.
Dados ausentes.
Fibrilação atrial no momento da inclusão.
Histórico de diabetes mellitus.
Clearance de creatinina <30 mL/min
Dapagliflozina + Terapia médica otimizada (TMO).
TMO, exceto inibidores do SGLT2.
A TMO incluía a combinação de inibidor da enzima conversora de angiotensina (IECA) ou inibidor do receptor de angiotensina-neprilisina (INRA), betabloqueador (BB) e antagonista do receptor de mineralocorticoide (ARM).
Primário: modificação no strain longitudinal global do ventrículo esquerdo, na função diastólica (avaliada pelo strain reservatório do átrio esquerdo ou pelo pico de deformação longitudinal atrial) e no strain do ventrículo direito por Speckle Tracking, do início do estudo até 6 meses.
Secundários: mortalidade por todas as causas, mortalidade cardiovascular, hospitalização por IC, classe funcional, NT-proBNP e necessidade de ajuste medicamentoso durante o seguimento.
MasculinoFeminino
88 Pacientes | Masculino = 83% e Feminino = 17%
Grupo Dapagliflozina (N=44) x Terapia Médica Otimizada (N=44)
Idade, média: 68 anos x 68 anos
Sexo masculino: 82% x 84%
IMC: 26,5 kg/m² x 28 kg/m²
NYHA > II: 48% x 45%
Hipertensão: 72% x 70%
Dislipidemia: 83% x 75%
Tabagista ativo: 14% x 10%
FA paroxística: 18% x 16%
Doença arterial coronariana: 30% x 41%
Diuréticos de alça: 79% x 68%
BB: 72% x 84%
IECA: 36% x 21%
INRA: 61% x 73%
ARM: 70% x 55%
NT-próBNP, mediana: 858 pg/L X 822 pg/L
TFG, mediana: 67 ml/min x 68 ml/min
ICFER: 63,6% x 61,3%
ICFElr: 36,4% x 38,7%
Resultados
Houve melhora nos valores da função sistólica do VE, da função diastólica do VE e da função sistólica do VD nos pacientes que receberam dapagliflozina.
O Strain Longitudinal Global do VE apresentou diferença significativa de -2,54 (IC 95%: 1,8 a 0,4) entre o início do tratamento e após 6 meses de acompanhamento no grupo dapagliflozina em comparação com diferença não significativa de 0,3 (IC 95%: 1,2 a 0,7) no grupo TMO (diferença entre os grupos com P < 0,001). Esta diferença foi mantida quando avaliados os pacientes com ICFER e ICFElr separadamente.
O Pico de Strain Longitudinal do AE Global também apresentou diferença significativa nos pacientes que receberam dapagliflozina (diferença de 4,9 entre os 6 meses de acompanhamento) em comparação com diferença não significativa de 1,3 no grupo TMO. Essa diferença foi mantida quando avaliados ICFER e ICFElr separadamente.
O Strain Longitudinal do VD na parede livre também apresentou diferença significativa nos pacientes que receberam dapagliflozina (-2,0 entre os 6 meses) em comparação com diferença não significativa de -0,7 no grupo TMO. Esta diferença foi estatisticamente significativa apenas entre os pacientes com ICFER.
Não houve morte por causas cardiovasculares no período acompanhado, sem diferença entre os grupos para morte por todas as causas ou hospitalização por IC. A classe funcional melhorou em 7% dos pacientes do grupo dapagliflozina e em 2% do grupo TMO.
A dapagliflozina prescrita para pacientes não diabéticos com IC, melhorou a função sistólica e diastólica do VE tanto para pacientes com ICFER quanto para aqueles com ICFElr e melhorou a função sistólica do VD nos pacientes com ICFER.
Desenho do estudo.
Utilizou técnicas avançadas e sensíveis de ecocardiografia (Speckle Tracking).
Desfecho substituto com método de análise operador-dependente.
Período de acompanhamento relativamente curto limita a avaliação dos efeitos a longo prazo.
O estudo foca principalmente nos mecanismos e na remodelação cardíaca, mas não avalia diretamente desfechos clínicos primários, como hospitalizações ou mortalidade, que são mais impactantes para a prática clínica.
Autor do conteúdo
Mariane Shinzato
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/efeitos-da-dapagliflozina-na-deformacao-cardiaca-na-insuficiencia-cardiaca
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