Efeitos da Cirurgia Bariátrica na Mortalidade em Indivíduos Suecos com Obesidade
28 de janeiro de 2025
6 minutos de leitura
A cirurgia bariátrica pode reduzir a mortalidade a longo prazo em indivíduos com obesidade?
Estudos epidemiológicos já haviam demonstrado que a obesidade está associada a um aumento da mortalidade e a uma redução de 5 a 20 anos na expectativa de vida de indivíduos com obesidade severa. Embora a perda de peso esteja associada à melhora de fatores de risco e comorbidades, na época do estudo faltavam evidências robustas que comprovassem que a perda de peso ou a cirurgia bariátrica reduzissem a mortalidade nestes indivíduos. O objetivo do estudo SOS foi avaliar o impacto da cirurgia bariátrica na mortalidade a longo prazo em indivíduos com obesidade.
Coorte prospectiva
Multicêntrico: 25 departamentos cirúrgicos e 480 centros de saúde primária na Suécia
Aberto
Pacientes submetidos à cirurgia formaram o grupo intervenção. Uma coorte de controle constituída por pacientes não cirúrgicos foi criada usando 18 variáveis de pareamento durante o período do estudo.
Amostra estimada de 4.000 indivíduos (2.000 em cada grupo), para um poder de 80% para detectar uma redução de 23% na mortalidade após 10 anos de seguimento
Indivíduos suecos com obesidade, incluídos no estudo entre 1987 e 2001
Idade entre 37 e 60 anos
IMC ≥ 34 kg/m² em homens e ≥ 38 kg/m² em mulheres, valores correspondentes a um IMC que dobra a taxa de mortalidade em cada sexo
Não possuir os critérios acima
Cirurgia bariátrica
Dividido em banda gástrica ajustável ou não ajustável, gastroplastia vertical com banda ou bypass gástrico
Tratamento convencional não cirúrgico para obesidade
O tratamento não cirúrgico não foi padronizado entre os centros, podendo incluir intervenções como mudanças comportamentais e de estilo de vida ou, em alguns casos, a ausência de tratamento
Primário: mortalidade no período analisado
Secundários: efeitos da cirurgia bariátrica na morbidade, na mortalidade específica e na qualidade de vida
MasculinoFeminino
Grupo Cirúrgico (N= 2010) x Grupo Controle (N=2.037)
Intervenção cirúrgica (apenas no Grupo Cirúrgico)
Banda gástrica (n): 376
Gastroplastia vertical com banda (n): 1.369
Bypass gástrico (n): 265
Idade (anos): 47,2 (± 5,9) x 48,7 (± 6,3)
Tabagismo: 25,8% x 20,8%
Diabetes: 10,7% x 11,4%
Apneia do sono: 25,1% x 22,2%
Uso de hipolipemiante: 1,8% x 1,6%
Infarto ou AVC prévio (n): 46 x 49
Histórico de câncer (n): 24 x 21
IMC (kg/m²): 42,4 (± 4,5) x 40,1 (± 4,7)
Circunferência abdominal: 125,8 x 120,2
Pressão arterial (mmHg): 145/89,9 x 137,8/85,2
Indivíduos no grupo cirúrgico apresentaram uma redução de 24% no risco de morte em comparação com o grupo controle (HR 0,76, IC 95% 0,59 a 0,99, p = 0,04).
A taxa de mortalidade foi de 6,3% (n = 129) no grupo controle, em comparação com 5% (n = 101) no grupo cirúrgico, e a principais causas de morte foram cardiovascular e câncer.
Os participantes submetidos ao tratamento cirúrgico apresentaram uma perda de peso significativamente maior, com a maior perda de peso ocorrendo 1 a 2 anos após a cirurgia: -32 ± 8% no grupo bypass gástrico; -25 ± 9% no grupo gastroplastia vertical com banda e -20 ± 10% no grupo banda gástrica, em comparação com o peso inicial.
Observou-se um reganho de peso em todos os subgrupos cirúrgicos nos anos seguintes, com estabilização após 8 a 10 anos; após 15 anos, a média de perda de peso foi de -27 ± 11% para o bypass gástrico, -18 ± 11% para a gastroplastia vertical com banda e -13 ± 14% para banda gástrica, em comparação com o peso inicial.
O grupo controle manteve uma média de peso de ± 2% durante todo o período de observação.
A mortalidade nos primeiros 90 dias após a cirurgia foi de 0,25% (n = 5) no grupo cirúrgico, em comparação com 0,1% (n = 2) no grupo controle
Entre 1138 indivíduos que foram acompanhados por pelo menos 10 anos, a frequência de reoperações ou cirurgias de conversão foi de 31% no grupo de banda gástrica, 21% no grupo gastroplastia vertical com banda e 17% no grupo bypass gástrico.
Foi publicado em um subestudo a taxa de complicações cirúrgicas. Complicações ocorreram em 13% dos pacientes. Desses, 2,2% tiveram complicações graves com necessidade de reoperação.
A cirurgia bariátrica levou a uma perda de peso e a uma redução significativa da mortalidade em indivíduos com obesidade.
Tamanho grande da amostra e seguimento por mais de 10 anos. Um tempo mais longo é importante em uma doença crônica como obesidade
Taxas de seguimento adequadas: grupo cirúrgico 94% em 2 anos, 94% em 10 anos e 66% em 15 anos; grupo controle 93%, 75% e 87%, respectivamente
Falta de randomização, com risco de viés de seleção
População proveniente de apenas um país, limitando a generalização dos dados para outras populações
O estudo não foi desenhado para comparar o impacto dos diferentes tipos de procedimentos cirúrgicos ou o grau de perda de peso na mortalidade
Falta de padronização do tratamento não farmacológico
Autor do conteúdo
Bibiana Boger
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/efeitos-da-cirurgia-bariatrica-na-mortalidade-em-individuos-suecos-com-obesidade
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