Efeito de 3 vs 6 Anos de Ácido Zoledrônico para Osteoporose
31 de outubro de 2024
5 minutos de leitura
O uso de ácido zoledrônico por 6 anos oferece maior um benefício na densidade mineral óssea em comparação com o uso por 3 anos em mulheres com osteoporose pós-menopausa?
O estudo HORIZON já havia demonstrado que o ácido zoledrônico (AZ) reduz o risco de fraturas de quadril, vertebrais e não vertebrais quando administrado anualmente por via intravenosa durante 3 anos. Como bisfosfonato, o AZ apresenta efeito residual, mas ainda existiam dúvidas sobre a duração ideal do tratamento e se o uso prolongado proporcionaria maiores benefícios clínicos, como uma redução adicional no risco de fraturas. Nesse contexto, este estudo de extensão do HORIZON avaliou a eficácia e a segurança do uso de AZ por 3 versus 6 anos em mulheres pós-menopáusicas com osteoporose.
Ensaio clínico randomizado
Multicêntrico
Duplo-cego
Proporção de randomização: 1:1
Foi calculado que seriam necessários 1.250 pacientes para detectar uma diferença de 1,1% na DMO do colo femoral, com um poder de 90% e um alfa bicaudado de 0,05
Pacientes com osteoporose pós-menopausa
Mulheres pós-menopáusicas, com idades entre 65 e 89 anos, diagnosticadas com osteoporose, definida por:
T-score < -2,5 no colo do fêmur, com ou sem fratura vertebral;
OU T-score < -1,5 com evidência radiológica de 2 ou mais fraturas vertebrais leves, ou uma fratura vertebral moderada
Deveriam ter obrigatoriamente participado do braço do estudo HORIZON que recebeu 3 anos de tratamento com ácido zoledrônico intravenoso, e não com placebo
Uso de teriparatida
Uso prévio de glicocorticoides
Uso de ranelato de estrôncio
Hipo ou hipercalcemia
Taxa de filtração glomerular (TFG) < 30 mL/min
Infusão EV em 15 minutos de ácido zoledrônico (AZ) 5mg, anualmente por 6 anos
Infusão EV em 15 minutos de placebo, anualmente por 3 anos
Todos os pacientes receberam suplementação de cálcio (1000-1500 mg ao dia) e de vitamina D (400-1200 UI ao dia).
Primário: mudança na DMO do colo de fêmur basal (com 3 anos de AZ) versus após mais 3 anos de follow-up (ano 6 de seguimento considerando o estudo pivotal)
Secundários: fratura não vertebral, qualquer fratura clínica (excluídos dedos, face e as causadas por trauma excessivo), fratura vertebral clínica e vertebral morfométrica, mudança de DMO nos sítios vertebrais e fêmur total), mudança de biomarcadores (CTX, FA e P1NP) e efeitos adversos
Total = 1233 pacientes
Grupo Placebo AZ3 (N=617) x Intervenção AZ6 (N=616):
Idade (anos): 75,5 ± 4,9 x 75,5 ± 4,9
IMC: 25,6 ± 4,5 x 25,3 ± 4,0
Europeus: 58,8% x 58,7%
T-score do colo do fêmur: -2,55 ± 0,57 x -2,58 ± 0,55
Fratura vertebral > 2: 36% x 29,7%
Houve um aumento de +0,24% na densidade mineral óssea (DMO) do colo do fêmur no grupo AZ6, comparado a -0,8% no grupo AZ3 (diferença absoluta de 1,04%, p = 0,0009).
Também foi observada uma diferença significativa na DMO do fêmur total (AZ6 -0,36% vs AZ3 -1,58%) e na coluna vertebral (AZ6 +3,2% vs AZ3 +1,18%).
Os marcadores bioquímicos de remodelação óssea, como P1NP, CTX e FA, se elevaram durante o período, mas de forma mais discreta no grupo que manteve o uso de AZ. Por exemplo, o P1NP aumentou +33% no grupo AZ3 e +19% no grupo AZ6 (p = 0,0001). Apesar desse aumento, os valores absolutos de CTX permaneceram próximos de 26 ng/mL, significativamente menores em relação ao valor basal do primeiro ano do estudo pivotal HORIZON.
O risco de fratura vertebral morfométrica foi menor no grupo AZ6 (3,0%) em comparação ao grupo AZ3 (6,2%) (OR = 0,51, IC 95% 0,26-0,95, p = 0,035).
Não houve diferença entre fratura não vertebral, vertebral clínica, quadril ou qualquer fratura clínica
Quanto aos efeitos colaterais, observou-se um maior número de pacientes no grupo AZ6 que apresentaram um incremento de ao menos 0,5 mg/dL nos níveis de creatinina, geralmente de caráter transitório. Não houve aumento na incidência de fibrilação atrial ou de eventos cardiovasculares entre os grupos. Não foram registrados casos de fraturas atípicas, e apenas uma paciente do grupo AZ6 apresentou osteonecrose da mandíbula.
A continuidade do tratamento com ácido zoledrônico por 6 anos mantém os ganhos na DMO quando comparado ao uso por 3 anos em mulheres com osteoporose pós-menopausa
Estudo multicêntrico, duplo-cego e randomizado
Grande número de pacientes
Maioria dos participantes são brancos europeus, limitando a generalização dos resultados
Estudo que não se aplica para osteoporose na população masculina
Desfecho primário substituto (e não clínico); a avaliação de fratura foi um desfecho secundário exploratório
Estudo pode não ter apresentado poder estatístico suficiente para detectar uma diferença significativa em determinadas análises, incluindo fraturas, que não são eventos muito frequentes.
Autor do conteúdo
Matheo Stumpf
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/efeito-de-3-vs-6-anos-de-acido-zoledronico-para-osteoporose
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