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    Efeito da Sibutramina na Manutenção de Peso Perdido

    07 de novembro de 2024

    6 minutos de leitura

    Residente Colaborador: 

     Isabela Fassbender

    Pergunta:

    • O uso da sibutramina é eficaz na manutenção do peso perdido em pacientes com obesidade? 

    Background:

    • A obesidade é um problema de saúde mundial, atualmente com múltiplas opções terapêuticas disponíveis. A sibutramina, um inibidor da recaptação de noradrenalina e serotonina, promove perda ponderal e aumenta os efeitos de uma dieta pobre em calorias de forma dose-dependente por até 1 ano, como constatado por estudos prévios. Em 2000, foram publicados os resultados do STORM – Sibutramine Trial of Obesity Reduction and Maintenance – um estudo clínico que avaliou a utilidade da sibutramina na manutenção de uma perda de peso substancial por 2 anos. O STORM investigou se tal medicação poderia contribuir para a manutenção do peso perdido a longo prazo. 

    Desenho do Estudo:

    • Ensaio clínico randomizado 

    • Multicêntrico (8 centros Europeus)

    • Duplo-cego

    • Comparativo entre sibutramina e placebo durante 18 meses de manutenção de peso, após uma fase inicial aberta de 6 meses de perda de peso com a sibutramina

    • Randomização por lista gerada por computador com uma proporção de 3:1 nos grupos sibutramina e controle, respectivamente.

    • O estudo não realizou um cálculo formal de poder amostral para desfechos específicos, mas tinha uma expectativa inicial de recrutar 600 pacientes. O objetivo de randomizar 400 pacientes para a fase de manutenção do peso, com cerca de 100 participantes alocados no grupo placebo. Esse número foi estimado com base em experiências de estudos anteriores. 

    População:

    • Indivíduos com obesidade (IMC entre 30 e 45 kg/m²)

    Critérios de Inclusão:

    • Idade entre 17 e 65 anos;

    • IMC entre 30 e 45 kg/m²;

    • Pacientes hipertensos com terapia estabilizada.

    Critérios de Exclusão:

    ● Mudança de peso recente
    ● Doenças específicas: mixedema, síndrome de Cushing, diabetes mellitus, epilepsia, esquizofrenia, depressão ou bulimia
    ● Disfunção renal ou hepática
    ● Histórico de insuficiência cardíaca, doença isquêmica cardíaca, AVC, AIT ou hipertensão instável (PA diastólica > 95 mmHg ou FC > 100 bpm)
    ● Anormalidades significativas no eletrocardiograma
    ● Uso de anorexígenos, beta-bloqueadores orais, agonistas adrenérgicos, esteroides, medicamentos para tireoide ou diuréticos para fins não-hipertensivos

    Intervenção:

    • Sibutramina na dose inicial de 10 mg/dia, com aumento para 15 mg/dia caso houvesse reganho de peso maior que 1 kg após o 6º mês do estudo. A dose poderia ser elevada até o máximo de 20 mg/dia se ocorressem aumentos adicionais de peso. 

      • Associado ao uso da medicação, os pacientes também receberam orientação nutricional 

    Controle:

    • Placebo na mesma dose

      • Associado ao uso da medicação, os pacientes também receberam orientação nutricional 

    Desfechos:

    • Primário: número de pacientes no segundo ano mantendo pelo menos 80% do peso perdido entre a linha de base e o sexto mês do estudo. 

    • Secundário: mudanças nas concentrações de ácido úrico e variáveis glicêmicas e de perfil lipídico.

    Características dos pacientes:

     

    Masculino (83.5% Masculino)Feminino (16.5% Feminino)
    Masculino
    Feminino

     

    • Grupo Sibutramina (n = 352) X Grupo Placebo (n = 115):

    - Idade média: 40,7 ± 10,2 X 40,4 ± 9,9 anos

    - IMC médio (kg/m²): 36,5 ± 4,1 X 36,8 ± 4,1

    - Circunferência abdominal média (cm): 107,6 ± 12 X 107,7 ± 13,1

    - Circunferência de quadril média (cm): 122,3 ± 10,1 X 122,1 ± 9,2

    - Proporção de cintura/quadril média (x100): 88,3 ± 10,4 X 88,3 ± 9,6

    Resultados:

    • No grupo sibutramina, 43% dos pacientes mantiveram 80% ou mais da perda de peso após os 6 meses iniciais, comparado com 16% no grupo placebo [IC 95% 4,64 (2,11 – 10,19); p < 0,001].

    • Após 18 meses, 69% dos pacientes com sibutramina mantiveram pelo menos 5% da perda de peso, 46% mantiveram 10% e 27% mantiveram a perda completa.

    • Quanto ao IMC, 4% dos pacientes no grupo sibutramina e 2% no placebo atingiram IMC abaixo de 25 kg/m² antes dos 12 meses; aos 24 meses, 3% no grupo sibutramina mantiveram IMC menor que 25 kg/m².

    • Houve reduções significativas no grupo sibutramina na circunferência abdominal [9,2 ± 9,9 cm vs. 4,5 ± 7,0 cm, IC 95% 4,7 (2,3 – 7,2); p < 0,001] e na relação cintura/quadril [-1,2 ± 6,4 vs. 0,8 ± 5,5, IC 95% -1,9 (-3,5 a -0,4); p = 0,02].

    • Outras alterações significativas no grupo sibutramina incluíram: aumento do HDL, redução na proporção colesterol total/HDL, redução de ácido úrico, insulina, peptídeo C e razão glicose/insulina.

    • Efeitos adversos no grupo sibutramina incluíram o aumento na pressão arterial (1,4 mmHg ± 9,3), pressão sistólica (0,1 mmHg ± 12,9), diastólica (2,3 mmHg ± 9,4) e frequência cardíaca (4,1 bpm ± 11,9). Insônia, náusea e xerostomia foram mais comuns.

    Conclusões:

    • A sibutramina foi mais eficaz do que o placebo na manutenção da perda de peso em pacientes obesos ao longo de 2 anos de tratamento.

    Pontos Fortes:

    • Tamanho amostral satisfatório, garantindo número de pacientes para randomização semelhante a outros estudos.

    • Estratificação dos pacientes de modo a garantir proporções iguais de homens e mulheres nos grupos sibutramina e placebo. 

    • Dois anos representam um período adequado para avaliar a eficácia inicial da manutenção de peso perdido. Mas, para uma compreensão mais profunda da sustentabilidade a longo prazo, um acompanhamento maior seria o ideal.

    Pontos Fracos:

    • Uso da técnica "Last Observation Carried Forward" (LOCF): O uso dessa técnica para lidar com dados faltantes pode introduzir vieses, pois presume que os pacientes não teriam mudanças significativas após a última observação, o que pode mascarar a evolução real de peso e outros parâmetros.

    • Inclusão de poucos pacientes não caucasianos.

    • Taxa de desistência significativa, com 42% no grupo sibutramina e 50% no grupo placebo, o que pode ter influenciado os resultados


    Autor do conteúdo

    Melanie Rodacki


    Referências

    Públicação Oficial

    https://app.doctodoc.com.br/conteudos/efeito-da-sibutramina-na-manutencao-de-peso-perdido


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