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    Efeito da Colchicina na Estabilidade de Placa Coronariana em Pacientes com Síndrome Coronariana Aguda

    22 de outubro de 2024

    6 minutos de leitura

    Pergunta:

    • Em pacientes com síndrome coronariana aguda, o uso de colchicina aumenta a estabilidade da placa coronariana em comparação ao placebo?

    Background:

    • Com base nos potenciais benefícios demonstrados nos estudos COLCOT e LODOCO2, a colchicina foi aprovada para redução de risco cardiovascular em pacientes com doença coronariana. No entanto, existem dados limitados sobre os efeitos específicos do impacto desta medicação sobre as placas coronárias. Dessa forma, foi realizado o estudo COLOCT, com o objetivo de avaliar o impacto do uso da colchicina na estabilidade das placas coronarianas visualizadas pela tomografia de coerência óptica (OCT) em pacientes com SCA.

    Desenho do Estudo:

    • Ensaio clínico randomizado 

    • Unicêntrico 

    • Duplo cego 

    • Com uma mudança presumida de 80±80µm na espessura de capa fibrosa (ECF) no fim do tratamento com colchicina e uma mudança presumida de 40±60µm no grupo placebo, o número amostral requerido por grupo era de 51 pacientes, baseado em um alfa bilateral de 0,05 e um poder de 0,8.

    • Randomização 1:1 em 2 grupos: 64 no grupo colchicina por 12 meses e 64 no grupo placebo.

    População:

    • Pacientes com síndrome coronariana aguda selecionados entre 2021 e  2022

    Critérios de Inclusão:

    • Idade ≥  18 anos e ≤ 80 anos

    • Hospitalização por SCA dentro de 1 mês antes da seleção

    • Pelo menos 1 lesão não culpada pelo infarto, com estenose de diâmetro de percentagem entre 30% e 70%, pela estimativa visual na angiografia coronária, após finalização de qualquer revascularização percutânea planejada.

    • Que a lesão fosse avaliada pela OCT como placa rica em lipídios

    Critérios de Exclusão:

    • Alergia à colchicina

    • Uso de colchicina dentro de 10 dias antes da randomização

    • Anormalidades de função hepática (alanina aminotransferase > 3 vezes o limite superior da normalidade) e de função renal (clearance de creatinina < 45ml/min)

    • Trombocitopenia (contagem de plaquetas < 100G/L)

    • Doenças infecciosas não controladas.

    • Doença imune conhecida ou doenças relacionadas à imunidade (lúpus, asma, doença inflamatória intestinal, tumores malignos).

    • Uso prévio ou planejamento de uso de anti-inflamatórios sistêmicos, como anti-inflamatórios não esteroidais, hormônios, imunomoduladores e quimioterápicos.

    • História prévia ou planejamento de cirurgia de revascularização miocárdica dentro de 1 ano.

    • Doença de tronco de coronária esquerda (TCE) – redução ≥ 50% do diâmetro do lúmen, de acordo com estimativa visual angiográfica.

    Intervenção:

    • Colchicina 0,5mg 1 vez ao dia

    Controle:

    • Placebo

    Outros Tratamentos e Definições:

    • Durante o período de tratamento, os participantes eram submetidos a visitas presenciais nos meses 1 e 12, além de visitas telefônicas nos meses 3 e 6.

    • A monitorização da aderência ao tratamento proposto era realizada através da contagem de pílulas nos frascos de medicação que retornavam após uso dos pacientes.

    • Imagens seriadas da placa coronariana alvo eram realizadas por meio de OCT na avaliação inicial e repetidas em 12 meses de follow-up.

    • Amostras de sangue (para avaliação sérica de proteína C reativa de alta sensibilidade, antagonista do receptor IL-1, IL-6, IL-18, mieloperoxidase e azurocidina 1) eram coletadas na avaliação inicial e em 12 meses de follow-up

    Desfechos:

    • Primário: mudança na ECF (espessura da capa fibrosa) mínima desde avaliação inicial até 12 meses

    • Secundários: mudança no arco lipídico médio, mudança no acúmulo macrofágico, mudança na incidência de fibroateroma de capa fina (FCP), mudança na área luminal mínima, mudança nos níveis de biomarcadores inflamatórios, eventos cardiovasculares e cerebrovasculares maiores (definidos como uma composição de mortalidade por todas as causas, infarto do miocárdio não fatal, acidente vascular encefálico não fatal e revascularização devido a isquemia).

    Características dos Pacientes:

     

    Masculino (75% Masculino)Feminino (25% Feminino)
    Masculino
    Feminino

     

    • Grupo Intervenção (N=64)  x Grupo Controle (N=64):

    • Idade (anos): 55,7±10,6 x 60,3±8,5

    • Tabagismo: 39,1% x 39,1%

    • IMC: 24,4±3,3 x 24,4±3,1

    • Hipertensão: 56,3% x 68,8%

    • Diabetes: 25% x 25%

    • Dislipidemia: 51,6% x 35,9%

    • Doença arterial periférica: 10,9% x 4,7%

    • Angioplastia prévia: 14,1% x 7,8%

    • Acidente vascular encefálico prévio: 1,6% x 3,1%

    • Doença renal crônica: 4,7% x 6,3%

    • Tipos de SCA:

    - Infarto com supra de ST: 4,7% x 3,1%

    - Infarto sem supra de ST: 28,1% x 25%

    - Angina instável: 67,2% x 71,9%

    • Tempo desde a SCA até randomização (dias): 11,1±6,9 x 13,1±8,3

    Resultados:

    • A colchicina aumentou significativamente a espessura mínima da capa fibrosa em comparação ao placebo (87,2 µm vs. 51,9 µm; diferença de 34,2 µm; P = 0,006)

    • Quando comparada ao grupo placebo, a terapia com colchicina reduziu significativamente o arco lipídico médio (-25,2º [95% IC -30,6º a – 19,9º] versus -35,7º [95% IC -40,5º a – 30,8º]; diferença – 10,5º [95% IC -17,7º a – 3,4º]; p=0,004).

    • O composto de eventos cardiovasculares e cerebrovasculares maiores ocorreu em 17,3% dos pacientes no grupo placebo e em 11,5% dos pacientes no grupo intervenção (p=0,402).

    • Não houve diferença estatisticamente significativa na frequência de sintomas gastrointestinais com placebo versus colchicina.

    Conclusões:

    • Em pacientes com síndrome coronariana aguda, o uso de colchicina aumenta a estabilidade das placas ateroscleróticas em comparação ao placebo, após 12 meses

    Pontos Fortes:

    • Avaliou o impacto de uma medicação de baixo custo e fácil acesso sobre a estabilidade de placas coronarianas em pacientes de alto risco cardiovascular, o que representa grande relevância para prática clínica.

    • Utilizou uma ferramenta acurada, validada e objetiva, a OCT, para avaliação da estabilidade de placa coronariana, o que reduz a possibilidade de viés de aferição.

    • Tamanho de amostra suficiente para detectar diferenças significativas.

    Pontos Fracos:

    • Estudo unicêntrico, o que reduz sua validade externa.

    • Difícil aplicabilidade prática, visto que, a maioria dos centros de saúde, especialmente em regiões menos ricas, não possui disponibilidade de OCT. Dessa forma, tais resultados não podem ser aplicados em regiões onde não existe uma OCT disponível para avaliação de estabilidade de placa.

    • Excluiu pacientes com lesão de tronco de coronária esquerda (TCE) que são clinicamente mais graves, Assim, os resultados não podem ser aplicados neste perfil de pacientes.

    • Desfecho primário focado em parâmetros de imagem e não em eventos clínicos.


    Autor do conteúdo

    Carolina Ferrari


    Referências

    Públicação Oficial

    https://app.doctodoc.com.br/conteudos/efeito-da-colchicina-na-estabilidade-de-placa-coronariana-em-pacientes-com-sindrome-coronariana-aguda


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