Disfunção Glinfática se Associa à Gravidade da Doença de Creutzfeldt-Jakob?
27 de janeiro de 2025
2 minutos de leitura
A Doença de Creutzfeldt-Jakob (DCJ) é uma encefalopatia espongiforme transmissível caracterizada pelo acúmulo de proteínas priônicas anormais no sistema nervoso central. Estudos prévios sugeriram um possível envolvimento do sistema glinfático na deposição dessas proteínas, mas ainda não estava claro se a disfunção glinfática ocorre in vivo e se pode ser detectada antes do início dos sintomas. Para investigar essa questão, este estudo avaliou a relação entre a função glinfática e a progressão da DCJ, demonstrando que a disfunção glinfática está associada à progressão da doença e pode estar presente em estágios pré-clínicos.
Foram recrutados 35 pacientes com DCJ (média de idade 59,6 anos), além de 28 controles saudáveis pareados por idade e sexo, entre 2018 e 2022. Também foi acompanhada uma família com 7 portadores assintomáticos e 7 não portadores da mutação genética G114V, com três avaliações ao longo de seis anos. Todos os participantes foram submetidos a imagens por tensor de difusão ao longo do espaço perivascular (DTI-ALPS) para avaliar a função glinfática e PET com ¹⁸F-fludeoxiglicose para identificar padrões metabólicos relacionados à DCJ.
Os resultados mostraram que pacientes com DCJ apresentaram valores significativamente mais baixos de DTI-ALPS em comparação com controles saudáveis (p < 0,001). Além disso, houve uma correlação moderada entre o índice DTI-ALPS e a gravidade clínica da doença (r = 0,346, p = 0,049), e uma correlação mais robusta com a progressão da doença (r = -0,468, p = 0,006).
No grupo genético, não houve diferença significativa no DTI-ALPS entre portadores assintomáticos e não portadores. No entanto, um portador da mutação G114V apresentou uma redução de 8,2% no índice DTI-ALPS cerca de 3,3 anos antes do início dos sintomas, sugerindo uma possível alteração glinfática na fase pré-clínica. Não foi encontrada correlação significativa entre disfunção glinfática e padrões metabólicos cerebrais no PET.
Os achados deste estudo sugerem que o índice DTI-ALPS pode ser um biomarcador prognóstico na DCJ, auxiliando na avaliação da progressão da doença. Em pacientes com suspeita de DCJ, a mensuração da função glinfática pode contribuir para estratificação prognóstica e planejamento de cuidados de suporte. Além disso, os dados obtidos no grupo genético sugerem que alterações na função glinfática podem ocorrer antes do início dos sintomas, abrindo a possibilidade de monitoramento precoce em portadores de mutações genéticas associadas à DCJ.
Autor do conteúdo
Equipe DocToDoc
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/disfuncao-glinfatica-se-associa-a-gravidade-da-doenca-de-creutzfeldt-jakob
Compartilhe
Copyright © 2024 Portal de Conteúdos MEDCode. Todos os direitos reservados.