Diferentes Efeitos da Intervenção no Estilo de Vida em Pré-diabetes
23 de janeiro de 2025
5 minutos de leitura
Indivíduos com prediabetes e risco elevado se beneficiam de uma intensificação da intervenção no estilo de vida? E indivíduos com risco baixo respondem à intervenção convencional?
O pré-diabetes é caracterizado por níveis de glicemia elevados, mas ainda abaixo do limiar diagnóstico de diabetes tipo 2. A intervenção no estilo de vida pode prevenir o diabetes tipo 2, mas a resposta varia dependendo do perfil de risco dos indivíduos. O estudo PLIS teve como objetivo avaliar o impacto de mudanças no estilo de vida, como dieta saudável, prática de exercícios regulares e perda de peso, em indivíduos com pré-diabetes. O estudo testou se indivíduos com prediabetes de risco elevado se beneficiam de uma intervenção intensificada e se indivíduos de baixo risco (LR) respondem a uma intervenção convencional. O objetivo principal foi avaliar a eficácia dessas intervenções no metabolismo glicêmico após um ano.
Ensaio clínico randomizado
Multicêntrico (oito locais de estudo em hospitais universitários na Alemanha)
Controlado
Estratificado por risco (baixo e alto risco) e randomização 1:1 dentro de cada grupo de risco: os participantes do Baixo Risco (LR) foram randomizados para não receber intervenção de estilo de vida (LI) (grupo controle) ou uma intervenção convencional. E os participantes do Alto Risco (HR) foram randomizados para receber uma LI convencional ou uma LI intensiva.
Poder de amostra estimado: dada uma probabilidade de erro tipo 1 de 0,05 (a) e uma probabilidade de erro tipo 2 de 0,2 (b), o estudo foi projetado para ser poderoso para detectar uma diferença de 0,44 mmol/L na glicemia pós-sobrecarga (TOTG) em uma população de estudo de 200 por grupo de intervenção.
Duração de 12 meses de intervenção.
Adultos com pré-diabetes, definida por glicemia de jejum alterada ou teste de tolerância à glicose (TOTG) anormal, incluídos entre 2012 a 2016
Idade entre 18 e 75 anos
IMC < 45 kg/m²
Diagnóstico de glicemia de jejum alterada e/ou tolerância à glicose alterada
Gestação e/ou lactação
Patologias como: doença arterial coronariana sintomática, doença maligna ativa, doença renal crônica e doença mental grave
Elevação de transaminases hepáticas
Uso de glicocorticoide
Grupo de Alto Risco (HR):
Convencional (HR-CONV):
8 sessões de aconselhamento ao longo de 1 ano.
Exercício físico recomendado: 3 horas por semana.
Intensificada (HR-INT):
16 sessões de aconselhamento ao longo de 1 ano.
Exercício físico recomendado: 6 horas por semana.
Grupo de Baixo Risco (LR):
Convencional (LR-CONV):
8 sessões de aconselhamento ao longo de 1 ano.
Exercício físico recomendado: 3 horas por semana.
Grupo de Baixo Risco (LR-CTRL):
Consulta única: uma sessão inicial de 30 minutos com orientações gerais sobre estilo de vida.
Nenhuma outra intervenção ao longo do estudo.
A intervenção no estilo de vida (LI) foi direcionada para atingir uma redução de 5% do peso corporal em participantes com IMC > 25 kg/m², através de dieta saudável (gorduras totais < 30%, gorduras saturadas < 10%, fibras > 15 g/1.000 kcal) e prática regular de exercícios físicos, com suporte comportamental.
Durante cada visita foram avaliadas em cinco metas (dieta, exercício e perda de peso), pontuadas de 0 a 5 após 1 ano, conforme o cumprimento dos objetivos.
Primário: TOTG 2h após 12 meses da intervenção e TOTG 2h intermediário, realizado após 6 meses.
Secundários: conteúdo de gordura hepática (avaliado por ressonância magnética de prótons no segmento hepático 7), sensibilidade à insulina (calculada pelo índice de Matsuda e DeFronzo - ISI), secreção de insulina (índice insulinogênico - IGI), capacidade de secreção adaptada à sensibilidade (DI = ISI × IGI) e risco cardiovascular (avaliado pelo Framingham Risk Score).
MasculinoFeminino
Grupo Baixo Risco N=201 (LR) X Grupo Alto Risco N=707 (HR)
Sexo feminino %: 62 | 56
Idade (anos): 57 | 59
Peso (kg): 81 | 92
IMC (kg/m²): 28,1 | 31,7
Circunferência da cintura (cm): 94 | 105
Glicemia de jejum (mmol/L): 5,7 | 6,0
Glicemia pós-prandial (mmol/L): 6,8 | 7,8
Hemoglobina glicada (%): 5,6 | 5,8
Conteúdo de gordura hepática (%): 2,9 | 10,5
A mudança no TOTG foi significativamente diferente entre os grupos de Alto Risco. A estimativa da diferença média entre os indivíduos de Alto Risco com intervenção convencional (HR-CONV) e de Alto Risco com intervenção intensiva (HR-INT) da mudança dos níveis de glicemia pós TOTG da linha de base para o acompanhamento de 1 ano foi de -0,29 mmol/L (IC de 95% -0,54 ; -0,04, P = 0,025).
A mudança no TOTG não foi significativamente diferente entre os grupos de Baixo Risco, sem intervenção (LR-CTRL) e com intervenção convencional (LR-CONV) (estimativa da diferença média de 0,19 mmol/L [IC de 95% -0,22 ; 0,60, P = 0,4]).
Durante o período total de observação de 3 anos, a intervenção intensiva levou a uma taxa de conversão cumulativa mais alta para tolerância normal à glicose em indivíduos de Alto Risco (HR) em comparação com LI convencional (razão de risco 1,57 [IC 95% 1,17 ; 2,1, P = 0,003].
Entre os indivíduos de Baixo Risco (LR), os participantes do grupo de intervenção convencional (LR-CONV) tiveram uma chance maior de conversão para tolerância normal à glicose do que os indivíduos do grupo controle (LR-CTRL) durante 3 anos de acompanhamento (razão de risco 2,02 [IC 95% 1,18 ; 3,43, P = 0,01]).
Após 1 ano de intervenção, o grupo HR-INT teve uma redução significativa no teor de gordura hepática, no risco cardiometabólico, no IMC e uma melhora na sensibilidade à insulina.
Na população com pré-diabetes de alto risco, a intensificação da intervenção no estilo de vida, por meio do aumento da frequência de aconselhamento e de exercícios físicos semanais, resultou em uma melhora mais significativa no metabolismo da glicose pós-prandial após 1 ano, além de maior redução do risco cardiometabólico e do conteúdo de gordura hepática.
Até onde se sabe, este é o primeiro estudo multicêntrico onde os investigadores testaram prospectivamente diferentes intensidades de intervenção no estilo de vida de forma estratificada por risco.
Desfecho primário avaliado pelo TOTG, um teste muito utilizado na prática e objetivo.
Duração relativamente curta de 12 meses
Taxa de não conclusão de 18% após 1 ano
Potencial heterogeneidade do aconselhamento sobre estilo de vida em diferentes centros de estudo
O estudo atual não incluiu uma intervenção intensificada no grupo de Baixo Risco (LR), então não foi possível testar se a intervenção intensificada funcionaria nesses indivíduos. Além disso, não havia um grupo de controle, sem intervenção, para o grupo de Alto Risco.
Autor do conteúdo
Andressa Leitao
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/diferentes-efeitos-da-intervencao-no-estilo-de-vida-em-pre-diabetes
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