Delirium, Não Apenas ECMO, Determina Prognóstico na Síndrome Pós-Cuidados Intensivos
17 de março de 2025
2 minutos de leitura
A síndrome pós-cuidados intensivos (SPCI) afeta significativamente a qualidade de vida dos sobreviventes de doenças críticas. Embora a SPCI possa persistir por longos períodos, as mudanças longitudinais em cada componente e suas inter-relações ao longo do tempo permanecem pouco compreendidas. Por isso, este estudo multicêntrico prospectivo investigou a trajetória de dois anos da SPCI e seus componentes, bem como fatores que contribuem para a deterioração ou recuperação em pacientes com COVID-19 sob ventilação mecânica. Os resultados mostraram que mais de 70% dos pacientes apresentaram SPCI persistente durante o período de acompanhamento, com trajetórias variadas para cada componente funcional.
O estudo incluiu 334 pacientes que sobreviveram à COVID-19 e necessitaram de ventilação mecânica. Os participantes completaram questionários avaliando função física (Índice de Barthel), função cognitiva (Short-Memory Questionnaire), saúde mental (Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão) e qualidade de vida (EuroQol-5D) a cada seis meses durante dois anos. As pontuações foram ponderadas para considerar desistências, e a trajetória de cada comprometimento funcional foi avaliada com diagramas aluviais. As taxas de prevalência de SPCI nos quatro questionários foram de 72,1%, 78,5%, 77,6% e 82,0%, respectivamente, sendo o comprometimento cognitivo o mais comum. Função física e qualidade de vida mostraram tendências consistentes de recuperação ou deterioração, enquanto função cognitiva e saúde mental apresentaram considerável variabilidade. O delirium foi associado a pior função física, saúde mental e qualidade de vida, enquanto ventilação prolongada foi associada a pior qualidade de vida. Viver com familiares foi associado à recuperação de todas as funções, e o uso de ECMO (oxigenação por membrana extracorpórea) foi associado à recuperação da função cognitiva e saúde mental.
O estudo reforça a necessidade de atenção prolongada e avaliações periódicas em pacientes que necessitaram de ventilação mecânica, já que a SPCI persiste por períodos longos e segue trajetórias diferentes para cada componente. Os resultados sugerem que o manejo adequado do delirium e intervenções familiares podem desempenhar papel importante na recuperação da SPCI. A presença de familiares mostrou-se fator associado à melhor recuperação funcional, reforçando a importância de estratégias centradas na família durante e após a permanência na UTI. Contrariamente ao esperado, pacientes que necessitaram de ECMO não apresentaram necessariamente piores desfechos a longo prazo, o que pode influenciar decisões terapêuticas em casos de insuficiência respiratória grave.
Autor do conteúdo
Equipe DocToDoc
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/delirium-nao-apenas-ecmo-determina-prognostico-na-sindrome-pos-cuidados-intensivos
Compartilhe
Copyright © 2024 Portal de Conteúdos MEDCode. Todos os direitos reservados.