• Home

    Como Eu Uso Corticoides na Sepse, Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo e Pneumonia Adquirida na Comunidade

    26 de junho de 2024

    3 minutos de leitura

    Racional: 

    • Diversas condições críticas estão relacionadas à uma resposta imune desregulada. Os corticoides, ao modularem diversas etapas da resposta inflamatória, tem o potencial de atenuar esse processo e melhorar a evolução clínica. 

    • Recentemente tivemos diversas publicações avaliando o uso de corticoides em condições críticas como sepse, síndrome do desconforto respiratório (SDRA) e pneumonia adquirida na comunidade (PAC).

    Recomendações

    Sugere-se administrar corticoides em pacientes com choque séptico.

    • Diversos estudos randomizados avaliaram o efeito do uso de corticoides em pacientes com choque séptico.

    • O uso de corticoides em pacientes com choque séptico pode reduzir a mortalidade a longo prazo / hospitalar (risco relativo 0,94; IC 95% 0,89–1,00; baixa certeza) e provavelmente reduz a mortalidade a curto prazo / na UTI (RR 0,93; IC 95% 0,88–0,98; certeza moderada).

    • O uso de corticoides na sepse aumenta a probabilidade de reversão do choque e reduz a intensidade das disfunções orgânicas avaliadas pela escala SOFA (elevada certeza).

    • O uso de corticoides na sepse pode reduzir o tempo de internação na UTI e no hospital, porém o grau de certeza desta evidência é baixo.

    • Quanto aos efeitos adversos, o uso de corticoides pode aumentar o risco de paresia do doente crítico (RR 1,21; IC 95% 1,01–1,45; baixa certeza), hipernatremia (RR 1,64; IC 95% 1,32–2,03; moderada certeza) e hiperglicemia (RR 1,13; IC 95% 1,08–1,18; moderada certeza).

    • A medicação mais usada nos estudos foi a hidrocortisona, com doses de 200 a 300 mg/dia, dividida em 4 doses (ex.: 50 mg 6/6h) ou infusão contínua, por 5 a 7 dias ou até a melhora do choque, sendo suspensa sem a necessidade de desmame. 

    • Não se recomenda o uso de doses acima de 400 mg/dia de hidrocortisona (ou equivalente), nem de regimes de pulsoterapia para doentes com sepse.

    Sugere-se administrar corticoides para pacientes com SDRA.

    • Diversos estudos randomizados avaliaram o uso de corticoides em pacientes com SDRA, com ou sem COVID-19. 

    • O uso de corticoides em pacientes com SDRA provavelmente reduz a mortalidade (RR 0,82; IC 95% 0,72–0,95, certeza moderada). 

    • Fatores como status para COVID-19, tipo de corticoide, dose e o momento do início não influenciaram no impacto dos corticoides nesse cenário.

    • O uso de corticoides resultou em menor tempo de ventilação mecânica e menor tempo na UTI (baixa certeza na evidência).

    • O uso de corticoides em pacientes com SDRA resultou em maior ocorrência de hiperglicemia (RR 1,11; IC 95% 1,01–1,23; moderada certeza).

    • Diversas doses e medicações foram estudadas, não sendo recomendada nenhuma dose ou medicação como preferencial. As duas posologias mais comuns nos estudos foram: Dexametasona 20 mg/dia por 5 dias, seguida de 10 mg/dia por mais 5 dias e metilprednisolona 1mg/kg/dia por 14 dias, seguido de um desmame lento e gradual.

    Sugere-se administrar corticoides para adultos com PAC grave, com necessidade de hospitalização.

    • Diversos estudos avaliaram o uso de corticoides em pacientes com pneumonia comunitária grave e não grave. PAC grave foi definida a partir de vários critérios, sendo os mais comuns: Pneumonia Severity Index (PSI) IV ou V, CURB-65 ≥ 3 ou necessidade de vasopressores.

    • Em pacientes com PAC grave o uso de corticoides provavelmente reduz a mortalidade hospitalar (RR 0,62; IC 95% 0,45–0,85; moderada certeza).

    • Por outro lado, em pacientes com PAC não grave o uso de corticoides não modificou a mortalidade (RR 1,08; IC 95% 0,83–1,42; certeza baixa).

    • Em pacientes hospitalizados por PAC (grave ou não grave) o uso de corticoides provavelmente reduz a necessidade de ventilação mecânica (certeza moderada), o tempo na UTI (certeza baixa) e o tempo no hospital (certeza baixa).

    • O uso de corticoides em pacientes com PAC (grave e não grave) resulta em maior risco de hiperglicemia (certeza moderada). 

    • Vários regimes posológicos foram estudados, não sendo recomendado nenhum regime específico em relação aos demais. Na maioria dos estudos foram usadas doses entre 40-80 mg/dia de metilprednisolona (ou equivalentes) com duração de 5 a 7 dias.  

    Questões a serem respondidas em estudos futuros

    • Qual o benefício do uso de corticoides em crianças com sepse, SDRA e PAC (todas as recomendações são para adultos)?

    • Quais subgrupos de pacientes têm maior chance de se beneficiar de corticoides e como identificá-los.

    • Como determinar o melhor tempo de tratamento?

    • Qual a custo-efetividade dos corticoides nesses cenários?


    Autor do conteúdo

    Equipe DocToDoc


    Referências

    Públicação Oficial

    https://app.doctodoc.com.br/conteudos/como-eu-uso-corticoides-na-sepse-sindrome-do-desconforto-respiratorio-agudo-e-pneumonia-adquirida-na-comunidade


    Compartilhe

    Portal de Conteúdos MEDCode

    Home

    Copyright © 2024 Portal de Conteúdos MEDCode. Todos os direitos reservados.