ADA 2024 - Como Eu Manejo Efeitos Colaterais Graves dos Análogos de GLP1
26 de junho de 2024
3 minutos de leitura
*Palestrantes: Daniel Drucker, John-Michael Gamble, Elizabeth Pearce, Beverly Tchang. Coordenadora: Mary-Elizabeth Patti.
Os análogos de GLP1 (aGLP1) são amplamente utilizados para o tratamento de diabetes, obesidade e proteção cardiovascular.
No entanto, existem preocupações sobre seus efeitos colaterais, muitas vezes exacerbadas pela mídia.
Este resumo aborda as contraindicações reais e as recomendações práticas baseadas na palestra do Encontro da Associação Americana de Diabetes 2024, onde especialistas discutiram esses temas com base em evidências científicas e experiências clínicas.
Câncer de Tireoide
Contraindicações Absolutas: Histórico pessoal ou familiar de carcinoma medular de tireoide (CMT) ou neoplasia endócrina múltipla tipo 2 (NEM-2).
Observação: Confirmar se o histórico de câncer de tireoide é do tipo medular, pois subtipos papilífero e folicular não são contraindicações.
Evidências: Estudos em ratos mostram aumento de secreção de calcitonina e proliferação de células parafoliculares, mas esses efeitos não foram observados em primatas nem em humanos.
Regulações: A agência europeia concluiu que não há relação causal entre aGLP1 e câncer de tireoide; já a bula nos EUA e no Brasil recomenda evitar o uso em pacientes com histórico de CMT ou NEM-2.
Monitorização:
Não é recomendado fazer ultrassonografia de rotina para rastreio de nódulos de tireoide.
Não é recomendada a monitorização dos níveis de calcitonina nos pacientes em uso de aGLP1.
Pancreatite
Contraindicações: Pancreatite aguda, crônica ou de repetição.
Exceções: Pancreatite biliar pós-colecistectomia e único episódio de pancreatite aguda há mais de 6 meses, com decisão individualizada baseada nos benefícios versus riscos.
Evidências: Estudos como o SELECT não mostram aumento do risco de pancreatite com o uso de aGLP1.
Monitorização: Não há indicação para monitorizar amilase e lipase rotineiramente.
Doenças Biliares
Incidência: a incidência de doenças da vesícula é de 1% nesses pacientes, em comparação com uma incidência de 0,1% em pacientes que não usam aGLP1.
Recomendações: Não retardar o início do tratamento devido à necessidade de rastreamento prévio de colelitíase. Considerar prescrição de ácido ursodesoxicólico (500-600mg/dia) para pacientes com perda de peso >1% por semana.
Efeitos Gastrointestinais (Náusea, Vômitos, Diarreia, Constipação)
Manejo:
Progressão mais lenta da dose (a cada 8 semanas ao invés de 4 semanas).
Manter a menor dose eficaz.
Microdoses (contagem de "cliques").
Uso de antieméticos e/ou procinéticos.
Mudanças nos hábitos alimentares (comer devagar, respeitar a fome, porções menores, não deitar após refeições, evitar atividades físicas intensas após comer).
Aumento da ingestão de fibras e hidratação adequada.
Evitar alimentos gordurosos, açucarados e muito apimentados.
Alinhar condutas com gastroenterologista em casos de gastroparesia, refluxo gastroesofágico ou para pacientes que irão fazer endoscopia/colonoscopia.
Mudanças de Humor
Recomendações: Evidências insuficientes para relação causal entre aGLP1 e ideação/tentativas de suicídio.
Evidências: Investigações do FDA e da agência europeia de medicamentos não encontraram evidências de que o uso de aGLP1 cause ideação suicida ou tentativas de suicídio, mas advertiram que, devido ao pequeno número de casos observados, não é possível excluir completamente um pequeno risco.
Observações: Monitorar pacientes para possíveis alterações de humor, especialmente aqueles com relação emocional disfuncional com a comida. Buscar auxílio de psicólogos ou psiquiatras se necessário.
Hipoglicemias
Prevenção:
Reduzir insulina basal em 20% se HbA1c < 8%.
Reduzir doses de insulina rápida em 20-50%.
Reduzir sulfonilureias em 50%.
Suspender inibidor de DPP4, pois o uso simultâneo com aGLP1 é contraindicado.
Supressão Excessiva do Apetite
Manejo: Reduzir a dose de aGLP1 em casos de supressão excessiva do apetite. Garantir suporte nutricional adequado. Considerar suplementação se houver perda de peso significativa similar à cirurgia bariátrica.
Encontro da Associação Americana de Diabetes 2024. Efeitos colaterais graves dos análogos de GLP1 - fato ou ficção? Palestrantes: Daniel Drucker, John-Michael Gamble, Elizabeth Pearce, Beverly Tchang. Coordenadora: Mary-Elizabeth Patti.
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Autor do conteúdo
Equipe DocToDoc
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/como-eu-manejo-efeitos-colaterais-graves-dos-analogos-de-glp1
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