Como Eu Manejo Doenças Aórticas Crônicas Com Base no Guideline da Sociedade Europeia de Cardiologia 2024
03 de janeiro de 2025
4 minutos de leitura
As doenças da aorta (DA) são altamente prevalentes e aumentam significativamente a mortalidade cardiovascular (CV) e morbidade na população em geral, por isso, são necessárias estratégias preventivas intensivas.
O objetivo desta diretriz é auxiliar profissionais de saúde no diagnóstico e manejo clínico de pacientes com doenças aórticas.
Esta diretriz baseia suas recomendações de acordo com o método LoE (Class of Recommendation and Level of Evidence), onde existem 4 classes de recomendação (Classe I: recomendação forte; Classe IIa: deve ser considerada; Classe IIb: pode ser considerada e Classe III: não recomendada) e 3 níveis de evidência (Nível A: informações derivadas de múltiplos estudos randomizados ou metanálises de elevada qualidade; Nível B: informações de um único estudo randomizado ou grandes estudos não randomizados e Classe C: consenso de opiniões de especialistas e/ou estudos pequenos, observacionais ou retrospectivos).
Rastreamento Inicial
O screening por imagem (ultrassom) para avaliação de dilatações aórticas abdominais é recomendado em em homens com idade ≥ 65 anos + história de tabagismo e para parentes de 1º grau de pacientes com aneurisma de aorta abdominal, com idade ≥ 50 anos, a não ser que causa adquirida seja claramente identificada – recomendação forte
Em dilatações aórticas torácicas, o ecocardiograma transtorácico é a técnica de imagem de primeira linha – recomendação forte
Em pacientes com doença de aorta torácica, com fatores de risco para doença torácica aórtica hereditária, com história familiar negativa para doença aórtica torácica e sem nenhuma variante patogênica identificada, o ecocardiograma transtorácico é indicado para screening de parentes de 1º grau – recomendação forte
Em pacientes com Síndrome de Marfan, o ecocardiograma transtorácico é recomendado para avaliação de diâmetro aórtico– recomendação forte
Em pacientes com Síndrome de Loyes-Dietz, ecocardiograma transtorácico é recomendado na avaliação inicial e a cada 6 – 12 meses, dependendo do diâmetro aórtico e progressão de crescimento – recomendação forte
Em pacientes com válvula aórtica bicúspide, imagem com ecocardiograma transtorácico é recomendada para avaliação de diâmetro aórtico– recomendação forte
Screening com ecocardiograma transtorácico para parentes de 1º grau de pacientes portadores de válvula aórtica bicúspide deve ser considerado
Plano de Seguimento
Em pacientes com Síndrome de Marfan, o ecocardiograma transtorácico é recomendado para seguimento, com os seguintes intervalos– recomendação forte
- Pelo menos anualmente: diâmetro de raiz de aorta < 45mm + ausência de fatores de risco adicionais.
- Pelo menos a cada 6 meses: diâmetro de raiz de aorta < 45mm + presença de fatores de risco adicionais
- Pelo menos entre 6 – 12 meses: diâmetro de raiz de aorta ≥ 45mm + ausência de fatores de risco adicionais.
Em pacientes com aneurisma de aorta abdominal, o seguimento de diâmetro aórtico deve ser realizado a cada 6 meses, em homens com diâmetro entre 50 – 55mm e em mulheres com diâmetro entre 45 – 50mm – recomendação forte
Em pacientes com válvula aórtica bicúspide, imagem seriada com ecocardiograma transtorácico é recomendada em pacientes com diâmetro aórtico máximo > 40mm, sem indicação de cirurgia ou após cirurgia valvar aórtica isolada, em 1 ano. Se manutenção de estabilidade de diâmetro aórtico, realizar imagem a cada 2 – 3 anos – recomendação forte
Quando indicar cirurgia:
Em pacientes com dilatação de raiz aórtica ou aorta ascendente + válvula aórtica tricúspide, se diâmetro aórtico máximo ≥ 55mm – recomendação forte
Cirurgia para aortopatia bicúspide é recomendada quando o diâmetro aórtico máximo é ≥ 55mm – recomendação forte
Em homens com diâmetro aórtico abdominal ≥ 55mm ou mulheres com diâmetro ≥ 50mm, o reparo cirúrgico eletivo é recomendado – recomendação forte
Em pacientes com Síndrome de Marfan, cirurgia aórtica é indicada se diâmetro máximo de raiz aórtica ≥ 50mm – recomendação forte
Como realizar seguimento pós-cirúrgico?
Após reparo aberto de aneurisma de aorta torácica, uma tomografia computadorizada cardiovascular é recomendada em 1 mês após cirurgia e, então, anualmente pelos 2 primeiros anos de pós-operatório. Após esse período, repetir a cada 5 anos, caso haja estabilidade – recomendação forte
Após reparo endovascular de aneurisma de aorta torácica, seguimento por imagem é recomendado em 1 – 12 meses de pós-operatório. Então, anualmente, até o quinto ano de pós-operatório, caso haja estabilidade – recomendação forte.
Após reparo aberto de aneurisma de aorta abdominal, seguimento por imagem é recomendado em 1 ano de pós-operatório. E então, a cada 5 anos, caso haja estabilidade – recomendação forte
Após reparo endovascular de aneurisma de aorta abdominal, o seguimento por imagem deve ser realizado com tomografia computadorizada cardiovascular ou ressonância magnética e ultrassom de abdome/ ultrassom com contraste em 1 mês e 12 meses de pós-operatório. Caso não existam anormalidades, ultrassom de abdome/ ultrassom com contraste é recomendado anualmente e tomografia computadorizada cardiovascular ou ressonância magnética recomendadas a cada 5 anos – recomendação forte
Outras Informações Pertinentes
Em casos de necessidade de imagem aórtica seriada, é recomendado utilizar a mesma modalidade de imagem, com o mesmo método de mensuração – recomendação forte
Quando um aneurisma aórtico é encontrado em qualquer localização, avaliação de toda a aorta é recomendada em avaliação inicial e durante seguimento – recomendação forte
Em pacientes com Síndrome de Marfan, tratamento com betabloqueadores ou bloqueador do receptor da angiotensina II é recomendado (em doses máximas toleradas e se não houver contraindicações) para redução da taxa de dilatação aórtica – recomendação forte.
É recomendada individualização de atividades físicas em pacientes com Síndrome de Marfan, baseando-se no diâmetro aórtico, história familiar de dissecção de aorta e realização de atividade física prévia – recomendação forte.
Autor do conteúdo
Carolina Ferrari
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/como-eu-manejo-doencas-aorticas-cronicas-com-base-no-guideline-da-sociedade-europeia-de-cardiologia-2024
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