Como Eu Faço o Tratamento das Aortopatias na Gestação
26 de fevereiro de 2025
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Diversas doenças hereditárias estão associadas ao aumento do risco de formação de aneurismas e dissecções. Entre elas, destacam-se as síndromes genéticas (como Marfan, Loeys-Dietz e Ehlers-Danlos vascular) e as aortopatias hereditárias não sindrômicas, que apresentam apenas aneurisma como manifestação clínica. A gestação representa um período de risco elevado para todas as pacientes com aortopatias, sendo associada a uma alta taxa de mortalidade. A maioria dos óbitos ocorre em mulheres que desconheciam previamente sua condição. As mudanças hormonais e hemodinâmicas típicas da gestação aumentam a suscetibilidade à dissecção, que ocorre mais frequentemente no terceiro trimestre (50% dos casos) e no período pós-parto (33%).
O objetivo da diretriz foi reunir recomendações sobre aconselhamento e manejo das aortopatias durante a gestação.
A Diretriz baseia-se nas diretrizes da ESC previamente publicadas, em revisões sistemáticas de estudos entre 2011 e 2016, além de publicações recentes e recomendações da American Heart Association e do American College of Cardiology. As recomendações são feitas de acordo com o método LoE (Class of Recommendation and Level of Evidence), no qual existem 4 classes de recomendação: Classe I: recomendada ou indicada; Classe IIa: deve ser considerada; Classe IIb: pode ser considerada e Classe III: não recomendada) e 3 níveis de evidência: Nível A: informações derivadas de múltiplos estudos randomizados ou metanálises; Nível B: informações de um único estudo randomizado ou grandes estudos não randomizados e Nível C: consenso de opiniões de especialistas e/ou estudos pequenos ou retrospectivos.
Toda mulher com aortopatia deve receber aconselhamento do risco de dissecção ou de sua recorrência, durante a gestação - recomendado, com nível de evidência C.
Recomenda-se realizar a avaliação de todos os segmentos da aorta antes da gestação, se aortopatia ou síndrome aórtica conhecida - recomendado, com nível de evidência C.
Para as pacientes com valva aórtica bicúspide, recomenda-se realizar imagem da aorta ascendente antes da gestação - recomendado, com nível de evidência C.
Recomenda-se realizar o monitoramento com ecocardiograma seriado - recomendado, com nível de evidência C:
Baixo risco de dissecção ou dilatação aórtica moderada: a cada 12 semanas.
Alto risco de dissecção ou dissecção prévia: a cada 4 semanas.
Ressonância Magnética Cardíaca sem contraste pode ser usada, se necessário - recomendado, com nível de evidência C.
O crescimento fetal deve ser monitorizado quando a gestante está em uso de betabloqueador.
Recomenda-se realizar controle rigoroso da pressão arterial, utilizando anti-hipertensivos seguros ao feto - recomendado, com nível de evidência C.
O uso de betabloqueador deve ser considerado - deve ser considerado, com nível de evidência C.
Recomenda-se que o parto seja realizado em centro com experiência e disponibilidade de cirurgia cardiotorácica - recomendado, com nível de evidência C.
Caso o diâmetro de Aorta Ascendente seja menor que 40 mm o parto vaginal é recomendado - recomendado, com nível de evidência C.
Nos casos em que a Aorta Ascendente seja maior que 45 mm ou exista história de dissecção a cesariana deve ser considerada como a via de parto - deve ser considerado, com nível de evidência C.
Em pacientes com diâmetro da aorta entre 40 e 45 mm, o parto vaginal com anestesia epidural e aceleração da segunda fase deve ser considerado - deve ser considerado, com nível de evidência C. Nestes casos, a cesariana pode ser considerada como via alternativa - pode ser considerado, com nível de evidência C.
Em pacientes com aorta com diâmetro maior que 45 mm e com aumento rápido, caso o feto não seja viável, o tratamento cirúrgico com o feto intra-útero deve ser considerado - deve ser considerado, com nível de evidência C.
Quando o feto é viável, a cesariana seguida diretamente de cirurgia aórtica deve ser considerada - deve ser considerado, com nível de evidência C.
Em casos de dissecção aguda de aorta Stanford A durante a gestação, nos casos em que o feto seja viável, realizar parto cesariana seguido de reparo da dissecção. Caso o feto não seja viável, a cirurgia aórtica deve ser realizada com o feto intra-útero.
Em casos de dissecção de aorta Stanford B não complicada, recomenda-se o tratamento conservador com controle rigoroso da pressão arterial.
Betabloqueadores devem ser mantidos no período periparto.
Síndrome de Marfan
Gestação não recomendada se diâmetro da aorta maior que 45 mm ou maior que 40 mm com história familiar de dissecção ou morte súbita - não recomendado, com nível de evidência C.
Mesmo após reparo da raiz da aorta, há risco de dissecção em segmentos distais durante a gestação.
Outras complicações cardíacas possíveis: progressão da insuficiência mitral (prolapso), arritmias e disfunção ventricular.
Valva aórtica bicúspide
Gestação não recomendada se o diâmetro da aorta for maior que 50 mm - não recomendado, com nível de evidência C.
Síndrome de Ehlers-Danlos Vascular
Mortalidade materna significativa
Risco de dissecção vascular arterial e venosa, e de ruptura uterina
Gestação não recomendada - não recomendado, com nível de evidência C.
Síndrome de Turner
Controle de pressão arterial e diabetes é mandatório na gestação
Gestação não recomendada se área indexada da aorta maior que 25 mm/m2 - não recomendado, com nível de evidência C.
Autor do conteúdo
Silas Furquim
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/como-eu-faco-o-tratamento-das-aortopatias-na-gestacao
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