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    Como Eu Faço o Manejo do Potencial Doador de Órgãos em Morte Encefálica Com Base no Guideline Brasileiro de Manejo do Potencial Doador de Órgãos em Morte Encefálica

    13 de dezembro de 2024

    4 minutos de leitura

    Racional:

    • A doação de órgãos é um processo complexo que abrange diversos profissionais de saúde em diversos níveis que inclui a identificação do potencial doador, diagnóstico de morte encefálica, suporte à família do potencial doador, avaliação dos critérios de elegibilidade para doação, manejo clínico do potencial doador de órgãos, captação e distribuição do órgão.

    • Os cuidados com o potencial doador são necessários para manter estabilização hemodinâmica, controle de temperatura e equilíbrio endócrino-metabólico com o intuito de melhorar a qualidade dos órgãos e desfechos clínicos do receptor.

    • O objetivo do guideline é prover recomendações para guiar o manejo clínico de pacientes em morte encefálica potenciais doadores de órgãos, melhorando a viabilidade para transplante.

    • Os estudos selecionados para a elaboração do guideline foram avaliados utilizando a escala GRADE (Grading of Recommendations Assessment, Development and Evaluation) para a estratificação da força das evidências encontradas e as recomendações foram elaboradas por cada grupo e revisadas pelo painel de especialistas.

    • O método GRADE categoriza a qualidade das evidências em quatro níveis (alta, moderada, baixa e muito baixa), e, com base nas qualidades das evidências, relação risco-benefício, e disponibilidade de recursos, classifica as recomendações como forte ou fracas.

    • Pontos relevantes para a prática não passíveis de serem avaliados pelo GRADE, mas que mereciam discussão para evitar práticas subótimas foram definidos como Boa prática.

    Recomendações:

    Suporte ventilatório

    • É recomendada a estratégia de ventilação mecânica protetora, em todos os potenciais doadores (Recomendação forte; Baixo nível de evidência) 

    • Na prática, sugere-se manter um volume corrente entre 6 e 8 ml/kg de peso ideal em associação a valores de PEEP entre 8-10 cm H2O. A FiO2 deve ser ajustada para manter uma saturação acima de 90% 

    • Sugere-se não utilizar manobras de recrutamento alveolar rotineiramente em potenciais doadores (Recomendação fraca; muito baixo nível de evidência)

    • O recrutamento alveolar pode ser considerado em casos de hipoxemia refratária 

    Suporte hemodinâmico

    • Em pacientes hemodinamicamente instáveis, com hipovolemia ou fluido responsivos, recomenda-se uma expansão volêmica inicial (Boa prática)

    • Considerar uma expansão volêmica inicial com 30ml/kg de cristaloides e, se necessário, novas alíquotas conforme avaliação de resposta a volume (preferência por métodos dinâmicos de avaliação da resposta a volume)

    • Em caso da persistência da hipotensão após expansão volêmica, recomenda-se a administração de noradrenalina ou dopamina para controle de pressão arterial. (Recomendação Forte; muito baixo nível de evidência)

    • A meta é manter a pressão arterial sistólica maior ou igual a 65 mmHg

    • Sugere-se não indicar o uso de dopamina em dose baixa para proteção renal (Recomendação fraca; muito baixo nível de evidência)

    Manejo Endócrino-metabólico

    • Recomenda-se o uso de vasopressina em potenciais doadores que recebem noradrenalina ou dopamina para controle de pressão arterial (Recomendação forte; Baixo nível de evidência)

    • Considerar a dose de 1ui em bolus e 0,5 a 2,4 ui/h em conjunto com noradrenalina ou dopamina

    • Recomenda-se a utilização de vasopressina ou DDAVP para o controle de poliúria em caso de diabetes insipidus. (Recomendação forte, baixo nível de evidência)

    • Considerar uma dose de DDAVP entre 1 e 2 mcg EV a cada 2 a 4h conforme necessidade 

    • Sugere-se baixa dose de corticosteroides em potencial doadores que estejam recebendo noradrenalina ou dopamina para controle pressórico. (Recomendação fraca, muito baixo nível de evidência)

    • Considerar 300mg de hidrocortisona em combinação aos vasopressores em caso de choque 

    • Sugere-se a realização de controle glicêmico no potencial doador. (Recomendação fraca, muito baixo nível de evidência)

    • Considerar a administração de insulina para manter a glicemia entre 140 e 180 mg/dl. Monitorar a glicemia (capilar) ao menos a cada 6 horas

    • Não se recomenda o uso de hormônios tireoidianos rotineiramente ao potencial doador. (Recomendação fraca, muito baixo nível de evidência)

    • Sugere-se a manutenção dos níveis de sódio sérico abaixo de 155 mEq/dL. (Recomendação fraca, muito baixo nível de evidência)

    • Recomenda-se a manutenção dos níveis séricos de potássio entre 3,5 e 5,5 mEq/dL. (Recomendação forte, muito baixo nível de evidência)

    • Recomenda-se a manutenção dos níveis séricos de magnésio acima de 1,6 mEq/dL. (Recomendação forte, muito baixo nível de evidência)

    Suporte Nutricional

    • Sugere-se manter o suporte nutricional ao potencial doador se houver boa tolerância. (Recomendação fraca, muito baixo nível de evidência)

    Infecção e Sepse

    • Recomenda-se o uso de antibióticos no potencial doador com infecção ou sepse (Recomendação forte, baixo nível de evidência)

    • Coleta de culturas e antibioticoterapia deve seguir as recomendações habituais

    Controle de temperatura

    • Sugere-se a manutenção da temperatura corpórea acima de 35 °C em potenciais doadores instáveis hemodinamicamente. (Recomendação fraca, muito baixo nível de evidência)

    • Preferir medição da temperatura central em potenciais doadores de órgãos 

    • Sugere-se a indução de hipotermia moderada, entre 34 e 35°C em potenciais doadores sem instabilidade hemodinâmica. (Recomendação fraca, baixo nível de evidência)

    Transfusão

    • Sugere-se a transfusão de hemácias em potenciais doadores com níveis de hemoglobina inferiores a 7,0 g/dL. (Recomendação fraca, muito baixo nível de evidência)

    Terapia guiada por metas 

    • Sugere-se uma terapia guiada por metas com protocolos estabelecidos para o cuidado ao potencial doador 

    • O uso de checklists específicos pode auxiliar no cuidado a esses pacientes 

    O fluxograma abaixo sumariza as condutas para o cuidado ao potencial doador de órgãos 

    Figura: Fluxograma com recomendações 

    DiagramaDescrição gerada automaticamente

    Fonte da imagem: https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC7736434/pdf/13613_2020_Article_787.pdf


    Autor do conteúdo

    Guilherme Lemos


    Referências

    Públicação Oficial

    https://app.doctodoc.com.br/conteudos/como-eu-faco-o-manejo-do-potencial-doador-de-orgaos-em-morte-encefalica-com-base-no-guideline-brasileiro-de-manejo-do-potencial-doador-de-orgaos-em-morte-encefalica


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