Como Eu Faço o Manejo de Risco Cardiovascular nas Doenças Reumáticas Com Base nas Recomendações EULAR 2022
18 de setembro de 2024
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Pacientes portadores de doenças reumáticas apresentam risco cardiovascular aumentado, fato que motivou a elaboração, em 2010, e subsequente atualização (2015/2016) das recomendações da Liga Europeia Contra o Reumatismo (EULAR) sobre o manejo de risco cardiovascular em doenças inflamatórias articulares, como artrite reumatoide, espondilite anquilosante e artrite psoriásica.
A emergência de dados sobre risco cardiovascular em colagenoses, doenças microcristalinas e vasculites primárias justifica a atualização das orientações em 2022.
As recomendações foram categorizadas utilizando o sistema do Oxford Centre for Evidence-Based Medicine para classificar o nível de evidência (LoE). Os níveis de evidência (LoE) variam de 1a e 1b, que incluem revisões sistemáticas e ensaios clínicos randomizados de alta qualidade, passando por 2a e 2b, que correspondem a estudos de coorte bem conduzidos, e 3a e 3b, que são estudos caso-controle. O nível 4 engloba séries de casos ou estudos descritivos, enquanto o nível 5 inclui opiniões de especialistas sem uma avaliação crítica explícita.
Ferramentas Preditivas de Risco Cardiovascular:
Pacientes devem ser submetidos a uma avaliação meticulosa de fatores de risco tradicionais para risco cardiovascular. O uso de ferramentas para estimativa de risco cardiovascular em populações gerais é recomendado. (nível de evidência 5)
Pacientes portadores de vasculites ligadas ao ANCA podem ter o risco cardiovascular subestimado pelo escore de Framingham. Idade, hipertensão diastólica e positividade de anti-proteinase 3 são variáveis não tradicionais que resultaram em aumento de risco cardiovascular nessa população. Esses fatores podem ser utilizados em adição aos escores tradicionais. (nível de evidência 2b)
Manejo de Fatores de Risco Cardiovasculares Tradicionais:
Pacientes devem ser tratados de acordo com os alvos de pressão arterial recomendados para a população geral. (nível de evidência 5)
Diuréticos devem ser evitados em pacientes portadores de Gota. (nível de evidência 5)
Betabloqueadores devem ser evitados em pacientes portadores de esclerose sistêmica. (nível de evidência 5)
Pacientes devem ser tratados de acordo com o alvo de lipídios recomendado para a população geral. (nível de evidência 5)
Pacientes não devem receber profilaxia primária com aspirina. O uso de antiagregantes deve seguir as recomendações para a população geral. (nível de evidência 2b)
Alvo de ácido úrico sérico menor que 6mg/dL deve ser utilizado para potencial redução de risco cardiovascular. (nível de evidência 2b)
Não há preferência de droga hipouricemiante para gota do ponto de vista cardiovascular. (nível de evidência 1b)
Manejo de Fatores de Risco Cardiovasculares Relacionados à Doença:
Indução e manutenção de remissão em vasculites ligadas ao ANCA reduzem risco cardiovascular. (nível de evidência 2b)
A dose de corticoide que equilibre os efeitos colaterais e o risco de reativação de doença pode ser considerada para a redução de risco cardiovascular em pacientes portadores de arterite de células gigantes. (nível de evidência 2b)
Ferramentas Preditivas de Risco Cardiovascular:
Pacientes devem ser submetidos a uma avaliação meticulosa dos fatores de risco tradicionais e não-tradicionais (relacionados à doença) para a modificação da estimativa de risco cardiovascular. (nível de evidência 2b)
Escores tradicionais subestimam consistentemente o risco cardiovascular de pacientes com LES. Nenhum escore específico é recomendado por ora; a ênfase deve ser na interpretação crítica que leva em conta os escores, os parâmetros de atividade de doença e os efeitos colaterais das drogas.
Manejo de Fatores de Risco Cardiovasculares Tradicionais:
Níveis menores de pressão arterial são associados a menos eventos cardiovasculares em pacientes com LES. Alvo < 130/80 mmHg deve ser considerado. (nível de evidência 2b)
ECA e BRA são recomendados para todos os pacientes com nefrite lúpica com hipertensão arterial ou relação proteinúria/creatinúria > 500mg/g. (nível de evidência 5)
Alvos de pressão arterial empregados na população geral devem ser utilizados em pacientes com SAF.
Pacientes portadores de LES e/ou SAF devem ser tratados de acordo com o alvo de lipídios recomendado para a população geral. (nível de evidência 5)
Pacientes portadores de LES podem ser candidatos a estratégias de prevenção como na população geral, incluindo aspirina em dose baixa, com base no perfil de risco cardiovascular. (nível de evidência 2b)
Aspirina em dose baixa é recomendada para pacientes assintomáticos com perfil de alto risco de autoanticorpos para SAF. (nível de evidência 2a)
A mesma estratégia é recomendada para pacientes com LES e perfil de alto risco de autoanticorpos para SAF (nível de evidência 2a) e pode ser considerada para pacientes com LES e perfil de baixo risco de autoanticorpos para SAF. (nível de evidência 2b)
Manejo de Fatores de Risco Cardiovasculares Relacionados à Doença:
Manutenção de baixa atividade de doença também reduz o risco cardiovascular em pacientes com LES. (nível de evidência 2b)
Recomenda-se o emprego da menor dose possível de corticoide sistêmico para minimizar o prejuízo cardiovascular em pacientes com LES. (nível de evidência 2b)
Nenhum imunossupressor específico é recomendado para redução de risco cardiovascular.
Tratamento com hidroxicloroquina deve ser considerado para a redução de risco cardiovascular em pacientes com LES. (nível de evidência 2b)
Autor do conteúdo
Marcos Jacinto
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/como-eu-faco-o-manejo-de-risco-cardiovascular-nas-doencas-reumaticas-com-base-nas-recomendacoes-eular-2022
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