Como Eu Faço o Manejo de Arritmias Ventriculares Agudas
24 de janeiro de 2025
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As arritmias ventriculares são muito comuns em serviços de emergência. No entanto, muitos profissionais de saúde não dominam seu manejo, gerando consequências negativas para os pacientes.
A diretriz da Sociedade Europeia de Cardiologia (ESC) de 2022 é uma atualização das diretrizes de 2015 para o manejo de pacientes com arritmias ventriculares e prevenção da morte súbita cardíaca. A revisão foi necessária devido a novos avanços na epidemiologia da morte súbita cardíaca, evidências em genética, técnicas de imagem e achados clínicos relacionados à estratificação de risco para arritmias ventriculares e morte súbita cardíaca, além de progressos na avaliação diagnóstica e nas estratégias terapêuticas.
Esta diretriz baseia suas recomendações de acordo com o método LoE (Class of Recommendation and Level of Evidence), no qual existem 4 classes de recomendação (Classe I: recomendação forte; Classe IIa: deve ser considerada; Classe IIb: pode ser considerada e Classe III: não recomendada) e 3 níveis de evidência (Nível A: informações derivadas de múltiplos estudos randomizados ou metanálises de elevada qualidade; Nível B: informações de um único estudo randomizado ou grandes estudos não randomizados e Classe C: consenso de opiniões de especialistas e/ou estudos pequenos, observacionais ou retrospectivos).
Nota da autora: Inicialmente, deve-se realizar um eletrocardiograma de 12 derivações para identificar a arritmia ventricular, além de realizar exame físico e coletar a história clínica do paciente.
Nota da autora: Define-se taquicardia ventricular (TV) como três ou mais batimentos consecutivos com frequência superior a 100 bpm, originados nos ventrículos, independentemente dos átrios e da condução nodal atrioventricular (AV).
Em seguida, avalia-se o perfil hemodinâmico do paciente. Se o paciente apresentar critérios para instabilidade hemodinâmica (alteração do estado mental, dor precordial anginosa, extremidades frias), recomenda-se a cardioversão elétrica ou desfibrilação – recomendação forte.
Em pacientes com quadro hemodinamicamente estável de taquicardia ventricular idiopática, o tratamento com betabloqueador intravenoso (para TV com trato de saída do ventrículo direito) ou verapamil (para taquicardia ventricular fascicular) é recomendado – recomendação forte, com nível de evidência C.
Recomenda-se a retirada dos agentes indutores sempre que houver suspeita de arritmias ventriculares induzidas por drogas – recomendação forte, com nível de evidência B.
A investigação de causas reversíveis (distúrbios eletrolíticos, isquemia, hipoxemia e febre) é recomendada em pacientes com arritmias ventriculares, visando o tratamento direcionado das possíveis causas – recomendação forte, com nível de evidência C.
Mesmo existindo uma possível causa corrigível para a arritmia ventricular, a necessidade de implante de cardiodesfibrilador implantável (CDI) deve ser considerada com base em uma avaliação individual do risco de arritmia ventricular e morte súbita cardíaca (MSC) – deve ser considerado, com nível de evidência C.
Em pacientes que apresentam um quadro de taquiarritmia regular com complexo QRS largo, hemodinamicamente estáveis, e suspeita de taquicardia supraventricular, a administração de adenosina ou manobra vasovagal deve ser considerada, com nível de evidência C.
Em pacientes com diagnóstico de tempestade elétrica (arritmia ventricular que ocorre 3 ou mais vezes em 24 horas, separadas por pelo menos 5 minutos, cada uma exigindo uma intervenção para ser sanada), sedação leve a moderada é recomendada para aliviar o sofrimento psicológico e reduzir o tônus simpático – recomendação forte, com nível de evidência C.
Terapia antiarrítmica com betabloqueadores (preferencialmente não seletivos) em combinação com amiodarona intravenosa é recomendada em pacientes com doença cardíaca estrutural e tempestade elétrica, a menos que contraindicado – recomendação forte, com nível de evidência B.
Magnésio intravenoso, com suplementação de potássio, é recomendado em pacientes com arritmia ventricular do tipo Torsades de Pointes – recomendação forte, com nível de evidência C.
A ablação por cateter é recomendada em pacientes com taquicardia ventricular incessante ou tempestade elétrica devido à taquicardia ventricular monomórfica sustentada, refratária às drogas antiarrítmicas – recomendação forte, com nível de evidência B.
Durante a gravidez, a cardioversão elétrica é recomendada para tratamento TV sustentada – recomendação forte, com nível de evidência C.
Figura 1. Principais detalhes dos antiarrítmicos citados no texto
Autor do conteúdo
Carolina Ferrari
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/como-eu-faco-o-manejo-de-arritmias-ventriculares-agudas
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