Como Eu Faço o Diagnóstico e Classificação da Nefrite Lúpica Com Base no II Consenso da Sociedade Brasileira de Reumatologia
25 de setembro de 2024
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A nefrite lúpica (NL) acomete 50% dos pacientes com Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) e 80% dos pacientes com LES juvenil. Destes, mais de um terço evolui para doença renal crônica terminal em 15 anos. O último consenso da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR) para o tratamento da NL foi publicado em 2015. Desde então, alvos específicos, novas opções terapêuticas e biomarcadores foram descritos.
O objetivo principal deste consenso é o de auxiliar na decisão clínica na prática clínica, bem como no desenvolvimento de políticas de saúde pública e suplementar no Brasil.
A metodologia GRADE foi utilizada para as recomendações. Para a aprovação, cada recomendação necessitava ≥82% de concordância entre os membros votantes, e cada intervenção foi classificada em fortemente a favor, fracamente a favor, condicional, fracamente contra ou fortemente contra.
Critérios de Diagnóstico para Nefrite Lúpica (NL)
Definição:
NL é definida como proteinúria persistente (>500 mg em 24 horas ou relação proteinúria/creatininúria >0,5) e/ou sedimento urinário ativo (hematúria dismórfica ou presença de hemoglobina, cilindros hemáticos, granulares, tubulares ou mistos), na ausência de infecção ou outra explicação, OU como biópsia renal demonstrando glomerulonefrite imunomediada.
Marcadores Sorológicos:
Anticorpos Anti-DNAdh e anti-C1q são úteis para o diagnóstico e monitoramento da atividade de NL, especialmente nas classes proliferativas.
Indicações para Biópsia Renal:
Proteinúria: 24 horas > 500 mg ou relação P/C ≥ 0,5.
Função Renal Anormal: Aumento na creatinina >30% ou diminuição na taxa de filtração glomerular de etiologia desconhecida.
Hematúria Glomerular: Com proteinúria <0,5 g/24 h.
Diagnóstico Diferencial: Hipertensão arterial, diabetes, microangiopatia trombótica, podocitopatia, lesões tubulointersticiais, glomerulopatia colapsante, infecções e outros.
Considerações Adicionais:
Caso a biópsia renal não esteja disponível ou seja contraindicada, as decisões terapêuticas devem ser baseadas em parâmetros clínicos e laboratoriais.
A biópsia renal deve ser repetida em casos de doença refratária (proteinúria persistente após um ano e/ou piora da creatinina sérica) ou recaída da NL.
Critérios de Gravidade
A biópsia renal é considerada o padrão ouro para o diagnóstico de NL, estabelecendo a classe histológica (I a VI), avaliando parâmetros de atividade (0-24) e cronicidade (1-12), e guiando o tratamento.
Pacientes com fatores associados a pior prognóstico renal na NL:
Relacionados ao paciente: Sexo masculino, LES juvenil, aumento de creatinina, proteinúria > 4 g no diagnóstico, recaídas frequentes, remissão incompleta, lúpus neuropsiquiátrico e trombocitopenia no diagnóstico.
Características sorológicas: anticorpos antifosfolípides positivos ou Síndrome antifosfolípide, Anti-DNAdh em títulos elevados, Anti-C1q positivo e complemente persistentemente consumido.
Características histológicas: crescentes, MAT ou dano tubulointersticial.
Objetivos Terapêuticos
Alvo de Resposta ao Tratamento (ART):
Meta: Manutenção ou melhora da função renal (variação de ± 10% no início do tratamento) acompanhada por uma redução progressiva da proteinúria:
3 meses: Redução de 25% na proteinúria de 24 horas ou na relação P/C.
6 meses: Redução de 50%.
12 meses: Proteinúria <0,8 g/24 h.
Observação: Pacientes com proteinúria nefrótica inicial podem precisar de mais 6-12 meses para atingir o ART.
Duração do Tratamento Imunossupressor:
Indução (terapia inicial): 3-6 meses.
Manutenção (terapia sequencial): Pelo menos 3-5 anos para pacientes que atingem o ART.
Considerações: Pacientes com resposta incompleta, múltiplas recaídas ou dano renal podem necessitar de imunossupressão por períodos mais longos.
Definição de Nefrite Lúpica Refratária:
Critério: Falha em atingir o ART após pelo menos dois regimes de terapia de indução ou contraindicação aos tratamentos propostos.
Ações: Confirmar aderência ao tratamento, controle de comorbidades (hipertensão, diabetes, infecções), evitar drogas nefrotóxicas, avaliar outras doenças renais, fatores genéticos ou danos.
Autor do conteúdo
Equipe DocToDoc
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/como-eu-faco-o-diagnostico-e-classificacao-da-nefrite-lupica-com-base-no-ii-consenso-da-sociedade-brasileira-de-reumatologia
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