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    Como Eu Faço o Diagnóstico Diferencial de Síncope?

    07 de março de 2025

    4 minutos de leitura

    Racional 

    • Síncope é definida como uma perda transitória da consciência devido à hipoperfusão cerebral, caracterizada por início rápido, curta duração e recuperação espontânea completa. Pode ser classificada em três principais grupos: síncope reflexa, causada por reflexos cardiovasculares anômalos que levam à bradicardia e/ou hipotensão (exemplo: vasovagal, situacional, síndrome do seio carotídeo); síncope cardiovascular, decorrente de arritmias ou doenças estruturais cardíacas que reduzem o débito cardíaco; e síncope secundária à hipotensão ortostática, resultante da falha no reflexo autonômico ao ortostatismo, podendo ser neurogênica, induzida por drogas ou por depleção de volume.

    • Os três principais grupos de síncope serão abordados a seguir, com ênfase em suas diferenças clínicas.

    • A  diretriz da  Sociedade Europeia de Cardiologia baseia suas recomendações de acordo com o método LoE (Class of Recommendation and Level of Evidence), onde existem 4 classes de recomendação (Classe I: recomendada; Classe IIa: deve ser considerada; Classe IIb: pode ser considerada e Classe III: não recomendada) e 3 níveis de evidência (Nível A: informações derivadas de múltiplos estudos randomizados ou metanálises; Nível B: informações de um único estudo randomizado ou grandes estudos não randomizados e Nível C: consenso de opiniões de especialistas e/ou estudos pequenos ou retrospectivos).

    Diagnóstico Diferencial de Síncope

    Síncope reflexa

    • As características clínicas que podem sugerir esse tipo de síncope são:

      • Histórico longo de síncope recorrente, especialmente antes dos 40 anos.

      • Após visão, som, cheiro ou dor desagradáveis.

      • Permanência prolongada em pé.

      • Durante a refeição.

      • Em locais lotados e/ou quentes.

      • Ativação autonômica antes da síncope: palidez, sudorese e/ou náusea/vômito.

      • Com rotação da cabeça ou pressão sobre o seio carotídeo (como em tumores, barbear ou colares apertados).

      • Ausência de doença cardíaca.

    • Exemplos: 

      • Síncope vasovagal: Em determinada situação emocional como medo, dor (somática ou visceral), procedimentos médicos, fobia de sangue.

      • Síncope situacional: Micção; estímulo gastrointestinal (deglutição, evacuação); tosse; espirro.

      • Síndrome do seio carotídeo.

    • Diagnóstico:

      • A síndrome do seio carotídeo (CSS) é confirmada se a massagem do seio carotídeo (CSM) causar bradicardia (assistolia) e/ou hipotensão, reproduzindo os sintomas espontâneos, e se os pacientes apresentarem características clínicas compatíveis com um mecanismo reflexo de síncope (recomendada).

      • O teste de inclinação (tilt test) deve ser considerado em pacientes com suspeita de síncope reflexa, hipotensão ortostática (HO), síndrome da taquicardia ortostática postural (POTS) ou pseudosíncope psicogênica (PPS).

    Síncope secundária à hipotensão ortostática

    • As características clínicas que podem sugerir esse tipo de síncope são:

      • Durante ou após ficar em pé.

      • Permanência prolongada em pé.

      • Ficar em pé após esforço físico.

      • Hipotensão pós-prandial.

      • Relação temporal com o início ou alteração da dosagem de medicamentos vasodepressores ou diuréticos que levam à hipotensão.

      • Presença de neuropatia autonômica ou parkinsonismo.

    • Exemplos:

      • Hipotensão ortostática induzida por medicamentos): vasodilatadores, diuréticos, fenotiazinas, antidepressivos

      • Depleção de volume: Hemorragia, diarreia, vômito, etc.

      • Disfunção autonômica primária: Disfunção autonômica pura; Atrofia de múltiplos sistemas; Doença de Parkinson e Demência com corpos de Lewy

      • Disfunção autonômica secundária: Diabetes; Amiloidose; Lesões medulares; Neuropatia autonômica autoimune e Neuropatia autonômica paraneoplásica

    • Diagnóstico (recomendado) - a síncope devido à hipotensão ortostática é confirmada quando há reprodução dos sintomas e:

      • uma queda da pressão arterial sistólica em relação ao valor basal ≥ 20 mmHg ou 

      • uma queda da pressão arterial diastólica ≥ 10 mmHg, ou ainda 

      • quando a pressão arterial sistólica cai para < 90 mmHg.

    • Obs: caso esses critérios estejam presentes sem sintomas, a síncope por hipotensão ortostática deve ser considerada provável.

    Síncope cardiovascular

    • As características clínicas que podem sugerir esse tipo de síncope são:

      • Durante o esforço físico ou em posição supina.

      • Palpitações de início súbito seguidas imediatamente por síncope.

      • História familiar de morte súbita inexplicada em idade jovem.

      • Presença de doença cardíaca estrutural ou doença arterial coronariana.

    • Exemplos:

      • Arritmia como causa primária: Disfunção do nó sinusal (incluindo síndrome bradi-taqui); Doença do sistema de condução atrioventricular; Taquicardia Supraventricular; Ventricular.

      • Doenças cardíacas estruturais: Estenose aórtica; Infarto agudo do miocárdio/isquémica; Cardiomiopatia hipertrófica; Massas cardíacas (mixoma atrial, tumores etc.); Doença pericárdica/tamponamento; Anomalias congênitas das artérias coronárias e Disfunção de prótese valvar

      • Doenças cardiopulmonares e dos grandes vasos: Embolia pulmonar; Dissecção aguda da aorta e Hipertensão pulmonar

    • Diagnóstico:

      • O monitoramento imediato em hospital (em leito ou por telemetria) é indicado em pacientes de alto risco (recomendada).

      • O monitoramento com Holter deve ser considerado em pacientes que apresentam síncope ou pré-síncope frequentes (≥ 1 episódio por semana).

      • Os gravadores externos de loop devem ser considerados, logo após o evento inicial, em pacientes que apresentem um intervalo entre os episódios ≤ 4 semanas.

      • Em pacientes com síncope e histórico de infarto do miocárdio ou outras condições relacionadas à fibrose, o estudo eletrofisiológico é recomendado quando a síncope permanece inexplicada após a avaliação não invasiva.

      • A ecocardiografia é recomendado para diagnóstico e estratificação de risco em pacientes com suspeita de doença cardíaca estrutural.

      • A tomografia computadorizada (TC) ou ressonância magnética (RM) deve ser considerada em pacientes selecionados com síncope de origem cardíaca estrutural suspeita, quando a ecocardiografia não for diagnóstica.

      • O teste de exercício é recomendado em pacientes que experimentam síncope durante ou logo após o esforço físico.


    Autor do conteúdo

    Equipe DocToDoc


    Referências

    Públicação Oficial

    https://app.doctodoc.com.br/conteudos/como-eu-faco-o-diagnostico-diferencial-de-sincope


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