Como Eu Faço o Diagnóstico de Endocardite Infecciosa
03 de fevereiro de 2025
4 minutos de leitura
A endocardite infecciosa (EI) é um importante desafio de saúde pública, com incidência global de 13,8 casos por 100.000 pessoas por ano em 2019, resultando em 66.300 mortes.
Desde as Diretrizes da ESC de 2015, o aumento da população em risco e novos dados clínicos levaram à atualização das recomendações sobre diagnóstico e manejo da EI em 2023. Neste texto abordaremos o diagnóstico de EI.
A diretriz da Sociedade Europeia de Cardiologia baseia suas recomendações de acordo com o método LoE (Class of Recommendation and Level of Evidence), onde existem 4 classes de recomendação (Classe I: recomendada; Classe IIa: deve ser considerada; Classe IIb: pode ser considerada e Classe III: não recomendada) e 3 níveis de evidência (Nível A: informações derivadas de múltiplos estudos randomizados ou metanálises; Nível B: informações de um único estudo randomizado ou grandes estudos não randomizados e Nível C: consenso de opiniões de especialistas e/ou estudos pequenos ou retrospectivos).
O diagnóstico baseia-se em quadro clínico, laboratorial e de imagem, com base em critérios maiores e menores.
Hemoculturas positivas para EI
(a) Micro-organismos típicos associados à EI em duas hemoculturas separadas: Estreptococos orais, Streptococcus gallolyticus (anteriormente S. bovis), grupo HACEK, Staphylococcus aureus, Enterococcus faecalis.
(b) Micro-organismos compatíveis com EI em hemoculturas persistentemente positivas:
≥2 hemoculturas positivas coletadas com intervalo >12 horas.
Todas as 3 hemoculturas ou a maioria de ≥4 hemoculturas separadas, com intervalo ≥1 hora entre a primeira e a última amostra.
(c) Hemocultura única positiva para Coxiella burnetii ou título de anticorpos IgG fase I >1:800.
Imagem positiva para EI: Lesões características de EI em valvas, áreas perivalvares/periprotéticas ou materiais estranhos, detectadas pelas seguintes técnicas de imagem:
Ecocardiografia (transtorácica ECO-TT e transesofágica ECO-TE):
ECO TT é recomendada como modalidade de imagem de primeira linha em casos de suspeita de EI (I-B)
ECO TE é recomendada para todos os pacientes com suspeita clínica de EI e um ECO TT negativo ou não diagnóstico (I-B).
ECO TE é recomendada em pacientes com suspeita clínica de EI quando há presença de uma prótese valvar cardíaca ou de um dispositivo intracardíaco (I-B)
Tomografia computadorizada cardíaca (TC).
A TC é recomendada em pacientes com possível EI nativa para detectar lesões valvares e confirmar o diagnóstico de EI (I-B).
A TC é recomendada em EI nativa e em EI em prótese valvar para diagnosticar complicações paravalvares ou periprotéticas quando a ecocardiografia for inconclusiva (I-B)
PET 18F-FDG (Tomografia por Emissão de Pósitrons com Fluordesoxiglicose).
São recomendadas em casos de possível EI em prótese valvar para detectar lesões valvares e confirmar o diagnóstico de EI (I-B).
PET– [18F]FDG/TC pode ser considerada em possível EI relacionada a dispositivos eletrônicos cardiovasculares para confirmar o diagnóstico de EI. ( IIa-B)
TC/SPECT com leucócitos marcados.
(i) Condições predisponentes:
Condições cardíacas de alto ou moderado risco para EI.
Uso de drogas injetáveis.
(ii) Febre: Temperatura >38°C.
(iii) Disseminação vascular embólica (incluindo eventos assintomáticos detectados apenas por imagem):
Êmbolos ou infartos sistêmicos e pulmonares, abscessos.
Complicações sépticas osteoarticulares hematogênicas (como espondilodiscite).
Aneurismas micóticos.
Lesões isquêmicas/hemorrágicas intracranianas.
Hemorragias conjuntivais.
Lesões de Janeway.
(iv) Fenômenos imunológicos
Glomerulonefrite.
Nódulos de Osler e manchas de Roth.
Fator reumatoide.
(v) Evidência microbiológica
Hemocultura positiva que não atende a um critério maior.
Evidência sorológica de infecção ativa por micro-organismo compatível com EI.
Definitiva:
2 critérios maiores.
1 critério maior e pelo menos 3 critérios menores.
5 critérios menores.
Possível:
1 critério maior e 1 ou 2 critérios menores.
3 - 4 critérios menores.
Rejeitada: Não atende aos critérios para endocardite definitiva ou possível na admissão, com ou sem um diagnóstico alternativo confirmado.
Passo inicial: Avaliação inicial e classificação basal (Classe I):
Apresentação clínica.
Hemoculturas.
Ecocardiograma transtorácico e transesofágico.
Critérios Diagnósticos ESC 2023 após EI: Classificação após avaliação:
Definida.
Possível.
Rejeitada.
Repetir hemoculturas se forem negativas ou duvidosas.
Repetir ECO TT/TE em 5-7 dias.
TC para diagnosticar lesões valvulares.
[18F]FDG-PET/TC(A) para diagnosticar lesões valvulares (opção em suspeita EI em válvula protética*)
Adição de critérios menores (Classe IIa): Imagem cerebral ou de corpo inteiro para detectar lesões distantes:
Ressonância Magnética
TC
PET/TC.
SPECT com leucócitos marcados
Particularidades de Suspeita de EI em Dispositivos Cardíacos Implantáveis:
PET/TC para detectar infecção no sítio do DCI e/ou embolia pulmonar (Classe I).
TC para detectar embolia pulmonar séptica ou infarto pulmonar (Classe IIa)
PET/CT para detectar infecção no eletrodo do dispositivo (Classe IIb).
Autor do conteúdo
Mariane Shinzato
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/como-eu-faco-o-diagnostico-de-endocardite-infecciosa
Compartilhe
Copyright © 2024 Portal de Conteúdos MEDCode. Todos os direitos reservados.