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    Como Eu Faço o Diagnóstico de Diabetes Com Base na Diretriz da Sociedade Brasileira de Diabetes (2024)

    11 de setembro de 2024

    4 minutos de leitura

    Racional:

    • Para diagnóstico de diabetes mellitus (DM) é necessária a constatação de hiperglicemia, utilizando glicemia plasmática de jejum (GJ), teste de tolerância com 75g de glicose por via oral (TTGO) e hemoglobina glicada (HbA1c). Uma metanálise de 15 estudos com 35.551 indivíduos identificou que o valor de corte de TTGO-1h de 209 mg/dL é equivalente ao valor de corte no TTGO-2h de 200 mg/dL

    • Recentemente, um comitê de experts da IDF reavaliou a acurácia e aplicabilidade do TTGO de 1 hora (TTGO-1h) para diagnóstico de pré-diabetes e de DM e considerou o TTGO-1h superior e mais prático do que o TTGO-2h³. Portanto, o objetivo principal é atualizar a diretriz de diagnóstico do DM baseado nos novos critérios da IDF; o Brasil é o primeiro país do mundo a adotá-los.

    • As recomendações são divididas em: recomendação forte (classe I e IIa), que indica uma intervenção benéfica, útil e eficaz, baseada em evidências de alta qualidade (Classe I) ou em evidências/opiniões que favorecem a intervenção (classe IIa); recomendação condicional (classe IIb), onde a utilidade/eficácia é menos bem estabelecida pelas evidências/opiniões; e recomendação contra (classe III), que se baseia em evidências e/ou consenso geral de que a intervenção não é útil/eficaz e pode ser prejudicial.

    Recomendações:

    • Utilizar como critérios de diagnóstico de DM a glicemia de jejum maior ou igual a 126 mg/dl, a HbA1c maior ou igual a 6,5%, a glicemia no TTGO-1h maior ou igual a 209 mg/dl ou a glicemia no TTGO- 2h maior ou igual a 200 mg/dl. Se somente um exame estiver alterado, ele deve ser repetido para confirmação (recomendação forte).

    • Em caso de sintomas típicos de hiperglicemia, recomenda-se que o diagnóstico seja estabelecido quando houver glicemia plasmática ao acaso maior ou igual a 200 mg/dl (recomendação forte).

    • Estabelecer o diagnóstico de DM se houver glicemia de jejum maior ou igual a 126 mg/dl e HbA1c maior ou igual a 6,5%, simultaneamente (recomendação forte).

    • Se for indicada a realização de TTGO, recomenda-se que seja usado o TTGO-1h para diagnóstico de DM2 e identificação de pré-diabetes, por ser superior e mais prático do que o TTGO-2h (recomendação forte).

    • No TTGO-1h, deve-se utilizar a glicemia maior ou igual a 209 mg/dl como ponto de corte para diagnóstico de DM2 e glicemia maior ou igual a 155 mg/dl para detecção de pré-diabetes (recomendação forte).

    Critérios de Diagnóstico:

    • Glicemia de jejum (mg/dL)

      • Normal: < 100

      • Pré-diabetes: 100-125

      • DM: ≥ 126

    • Glicemia ao acaso (mg/dL) + sintomas

      • Normal: -

      • Pré-diabetes: -

      • DM: ≥ 200

    • Glicemia de 1 hora no TTGO (mg/dL)

      • Normal: < 155

      • Pré-diabetes: 155-208

      • DM: ≥ 209

    • Glicemia de 2 horas no TTGO (mg/dL)

      • Normal: < 140

      • Pré-diabetes: 140-199

      • DM: ≥ 200

    • HbA1c (%)

      • Normal: < 5,7

      • Pré-diabetes: 5,7-6,4

      • DM: ≥ 6,5

    Critérios de Rastreamento:

    • Recomenda-se realizar o rastreamento de DM2 para todos os indivíduos conforme lista abaixo (recomendação forte).

      • Idade acima de 35 anos (universal).

      • Idade abaixo de 35 anos com sobrepeso ou obesidade, e mais um fator de risco:

        • História familiar de DM2 em parente de primeiro grau.

        • História de doença cardiovascular.

        • Hipertensão arterial.

        • HDL abaixo de 35 mg/dL.

        • Triglicerídeos acima de 250 mg/dL.

        • Síndrome de ovários policísticos.

        • Acantose nigricans.

        • Sedentarismo.

      • Pré-diabetes em exame prévio.

      • Diabetes gestacional prévio ou recém-nato grande para idade gestacional.

      • FINDRISC alto ou muito alto (https://diabetes.org.br/calculadoras/findrisc).

    • Há indicação de rastreamento para DM nos casos de endocrinopatias, doenças pancreáticas, infecção pelo vírus da imunodeficiência humana e na  doença hepática esteatótica metabólica (recomendação forte).

    • Pacientes que irão iniciar medicações com possibilidade de efeito hiperglicemiante (ex. glicocorticoides, antipsicóticos) devem ser rastreados para DM antes e após o início do tratamento (recomendação forte).

    • Crianças e adolescentes a partir de 10 anos de idade ou após o início da puberdade com sobrepeso/obesidade e pelo menos um fator de risco adicional para DM2 devem ser rastreadas para DM (recomendação forte).

    • É recomendado dosar a glicemia de jejum e/ou a HbA1c como primeiros testes de rastreamento de DM2, de acordo com a disponibilidade local (recomendação forte).

      • Locais com viabilidade financeira e disponibilidade técnica total: medida simultânea da glicemia plasmática e HbA1c em amostra de sangue obtida em jejum de 8 a 12 horas.

      • Locais com viabilidade financeira e disponibilidade técnica parciais: medida da glicemia plasmática em amostra de sangue obtida em jejum de 8 a 12 horas.

    • Em caso de pré-diabetes definido previamente por glicemia de jejum e HbA1c, deve-se realizar de forma adicional o TTGO-1h para diagnóstico de casos de DM2 não anteriormente detectados - caso maior ou igual a 209 mg/dl ou para avaliar risco futuro de DM2 - se maior ou igual a 155 mg/dl e menor do que 209 mg/dl (hiperglicemia intermediaria) (recomendação forte).

    • Se a glicemia de jejum no rastreamento for menor que 100 mg/dl e HbA1c menor que 5,7% em pessoas com 3 ou mais fatores de risco ou FINDRISC alto/muito, deve-se realizar o TTGO-1h para aprofundar a investigação (recomendação forte).

    • Caso glicemia de jejum e HbA1c normais associados a menos de 3 fatores de risco, ou FINDRISC baixo a moderado, é necessária a reavaliação após 3 anos (recomendação forte).

    • Caso glicemia de jejum e HbA1c normais associados a 3 ou mais fatores de risco, ou FINDRISC alto/muito alto a reavaliação deverá ser em 12 meses (recomendação forte).

    • Caso diagnóstico de pré-diabetes no rastreamento, a reavaliação deverá ser feita em 12 meses (recomendação forte).

    • Caso um exame laboratorial com critério para DM, sem outros exames alterados, a reavaliação deverá ser feita em 6 meses (recomendação forte).

    Aplicação Prática:

    • O diabetes é uma condição heterogênea cujo diagnóstico preciso permite intervenções mais eficazes.

    • O rastreamento regular é essencial para detectar alterações precocemente e  ajuda a prevenir complicações.

    Conteúdos Extras:


    Autor do conteúdo

    Andressa Leitao


    Referências

    Públicação Oficial

    https://app.doctodoc.com.br/conteudos/como-eu-faco-o-diagnostico-de-diabetes-com-base-na-diretriz-da-sociedade-brasileira-de-diabetes-2024


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