Como Eu Faço Manejo de Imobilidade e Sono no Paciente Crítico Com Base no PADIS da SCCM 2018
06 de novembro de 2024
3 minutos de leitura
A fraqueza adquirida na UTI é uma das complicações mais relevantes da doença crítica. Um dos principais fatores de risco para a ocorrência desta complicação é o imobilismo, sendo que a adoção de mobilização e reabilitação precoce podem ter um papel essencial para mitigar esta condição
Reabilitação/mobilização
Sugere-se que pacientes críticos recebam mobilização e reabilitação precoces na UTI.
Esta recomendação é baseada em diversos estudos que demonstram melhora na força muscular, redução no tempo de ventilação mecânica e melhoria em escalas de qualidade de vida com a implementação de mobilização na UTI (em comparação a não mobilização ou mobilização tardia).
Vale ressaltar que, após a publicação desta diretriz, o grupo do professor John Kress também divulgou um estudo demonstrando menor declínio cognitivo em pacientes submetidos à mobilização precoce.
O tipo de intervenção deve ser adaptado às condições clínicas do paciente, podendo variar desde a mobilização passiva no leito até a deambulação fora da unidade.
A mobilização precoce é segura, sendo extremamente rara a ocorrência de eventos adversos graves relacionados à reabilitação (15 eventos em mais de 12 mil sessões de fisioterapia ao longo de 15 estudos).
A reabilitação/mobilização deve ser iniciada assim que houver estabilidade hemodinâmica, respiratória e neurológica.
O uso de drogas vasoativas e de ventilação mecânica não são impeditivos para a realização de atividades físicas na UTI, desde que os parâmetros dessas terapias estejam estáveis nas últimas horas a dias.
São parâmetros para a interrupção de sessões de reabilitação na UTI a ocorrência de instabilidade hemodinâmica, respiratória ou neurológica ou de eventos adversos associados à terapia (ex.: síncope, queda, mal funcionamento de dispositivos invasivos).
Manejo do sono na UTI
As principais alterações na arquitetura do sono na UTI incluem:
Aumento do tempo em estágios superficiais de sono (N1 e N2).
Maior proporção de sono diurno em relação ao noturno.
Redução na duração do sono REM e piora na qualidade subjetiva do sono.
Fatores de risco para a piora da qualidade do sono na UTI:
Histórico de baixa qualidade do sono e uso prévio de medicações para insônia.
Dor não controlada, estímulos sensoriais excessivos (como ruído e luz), interrupções frequentes para cuidados de saúde, e ansiedade/medo.
As alterações no sono e no ritmo circadiano estão associadas a uma maior ocorrência de delirium em pacientes críticos. Embora um sono de má qualidade possa estar relacionado a um aumento no tempo de internação e de ventilação mecânica, as evidências que suportam essa associação são de baixa qualidade e heterogêneas, não permitindo uma conclusão definitiva.
Intervenções sugeridas pelo PADIS:
Adoção de protocolos para avaliar e melhorar a qualidade do sono em pacientes críticos, incluindo intervenções como:
Fornecimento de máscaras para dormir e protetores auriculares.
Redução da luminosidade e do ruído durante a noite.
Redução das intervenções de enfermagem entre meia-noite e 6 horas.
Uso de músicas relaxantes.
Esses protocolos devem ser adaptados às preferências dos pacientes e à realidade de cada UTI.
Uso de medicamentos:
O PADIS desaconselha o uso rotineiro de medicamentos para indução do sono, incluindo melatonina, dexmedetomidina, propofol e benzodiazepínicos.
Esses medicamentos têm impactos variáveis na quantidade e qualidade do sono e não são isentos de efeitos adversos, como risco aumentado de delirium e interações medicamentosas. Portanto, devem ser utilizados somente após a implementação de todas as medidas não farmacológicas possíveis.
Autor do conteúdo
Luis Júnior
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/como-eu-faco-manejo-de-imobilidade-e-sono-no-paciente-critico-com-base-no-padis-da-sccm-2018
Compartilhe
Copyright © 2024 Portal de Conteúdos MEDCode. Todos os direitos reservados.