Como Eu Faço a Prevenção de Infecção Associada a Cateteres Venosos Centrais de Inserção Periférica (PICCs) Com Base na Diretriz da Organização Mundial da Saúde (OMS) 2024
06 de novembro de 2024
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As infecções de corrente sanguínea associadas ao cateter (ICS) são comuns no ambiente hospitalar, estando relacionadas a piores desfechos e ao aumento de custos. Essas ICS têm um alto potencial de prevenção por meio de cuidados na inserção, manutenção e remoção/troca dos dispositivos intravasculares.
Embora os cateteres venosos centrais de inserção periférica (PICCs) sejam usados com menor frequência em comparação aos acessos periféricos (AVPs), a ponta desses cateteres fica localizada em uma veia central, podendo qualquer infecção progredir para uma ICS. Assim, os cuidados com a inserção e a manutenção deste dispositivo devem ser rigorosos.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) elaborou novas diretrizes para a prevenção de ICS relacionadas a PICCs. Essas diretrizes foram formuladas a partir de perguntas-chave (usando a metodologia PICO), revisão sistemática da literatura e recomendações baseadas na abordagem GRADE. A maioria das recomendações apresentadas nas diretrizes fundamenta-se em boas práticas, mas sem alto nível de certeza na evidência.
Educação e treinamento
Todos os profissionais de saúde que lidam com PICCs devem receber treinamento regular sobre os cuidados para a inserção, manutenção e remoção desses dispositivos, além de serem avaliados regularmente quanto ao seu conhecimento sobre o tema.
Higiene das mãos
Todos os profissionais da saúde devem realizar a higiene das mãos antes da inserção, manipulação ou remoção de PICCs.
A higiene das mãos pode ser realizada com fricção com solução alcoólica (sendo necessário esperar as mãos secarem) ou com água corrente e sabão (sendo usadas toalhas limpas ou descartáveis para secar as mãos).
Cuidados na inserção
A inserção de PICCs deve ser realizada com técnica estéril e com uso de barreira completa. Para tal, deve-se realizar a higiene das mãos, paramentação completa com máscara, avental estéril, luvas estéreis e pelo menos um campo fenestrado.
A desinfecção da pele é obrigatória e pode ser realizada tanto com produtos à base de clorexidina como outras soluções alcoólicas (ex.: PVPI).
É necessário o uso de luvas estéreis para a inserção de PICCs, considerando o risco maior de infecção com tais dispositivos (em comparação com AVPs).
A inserção de PICCs deve ser realizada com auxílio de ultrassonografia (USG), visando minimizar o número de punções e reduzir o desconforto para o paciente. Além disso, há evidências de que o uso do USG pode reduzir o risco de infecção associada ao PICC.
O procedimento deve ser realizado por um profissional com treinamento adequado, sendo opcional a formação de times dedicados à passagem de PICCs. Embora não tenham sido encontrados estudos que avaliem o impacto de um time de PICC em pacientes adultos, a implementação desses times pode ser, dependendo da logística de cada hospital, uma alternativa mais simples do que o treinamento de toda a equipe.
Manutenção
Todo acesso venoso deve ser manejado com um protocolo de troca rotineira de curativos estéreis. Além disso, recomenda-se a adoção de protocolos de troca rotineira de equipos (a cada 5 a 7 dias).
Os PICCs podem ser mantidos tanto com infusão contínua de fluidos (salinizados) como sem tal infusão. Não foram encontrados estudos sobre este tópico em adultos. Porém, após cada uso, o cateter deve ser lavado com um flush de solução salina.
Tanto o uso de sistemas fechados (ex.: conector valvulado) quanto o uso de sistemas abertos é adequado, uma vez que o benefício dos sistemas fechados parece ser marginal e seu custo é elevado.
Embora não haja menção na diretriz, é importante higienizar a conexão do acesso antes de realizar qualquer medicação. Isso pode ser feito com gaze ou swab embebidos em álcool, friccionando a conexão por 5 a 10 segundos antes de conectar a medicação.
Seleção do cateter
Devem ser preferidos PICCs com um único lúmen, em detrimento do uso de cateteres com múltiplos lúmens. PICCs com lúmen único estão associados a um menor risco de infecção, menor risco de obstrução e menor custo. Cateteres com múltiplos lúmens devem ser considerados em situações especiais, em que várias vias sejam necessárias.
Em situações de necessidade de acesso venoso por vários dias sem que haja necessidade de usar uma veia central (sem necessidade de drogas vasoativas ou nutrição parenteral), o uso de cateteres de linha média seria tão eficaz quanto o uso de PICCs. Alguns estudos sugerem que os cateteres de linha média estão associados a um menor número de complicações em comparação aos PICCs; porém tais dispositivos em geral permanecem por um tempo mais curto (no máximo 14-21 dias). Assim, a decisão entre um dispositivo ou outro deve considerar a disponibilidade, objetivo do cateter e o tempo esperado de uso.
Autor do conteúdo
Luis Júnior
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/como-eu-faco-a-prevencao-de-infeccao-associada-a-cateteres-venosos-centrais-de-insercao-periferica-piccs-com-base-na-diretriz-da-organizacao-mundial-da-saude-oms-2024
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