Como Eu Faço a Indicação de Transplante Pulmonar em Pacientes com Hipertensão Pulmonar?
31 de janeiro de 2025
3 minutos de leitura
A hipertensão pulmonar (HP) é uma doença fisiopatológica que pode envolver múltiplas condições clínicas e pode estar associada a uma variedade de doenças cardiovasculares e respiratórias, prejudicando a qualidade de vida dos pacientes acometidos.
O objetivo deste guideline é orientar uma abordagem padronizada e baseada em evidências para diagnóstico, classificação e manejo de pacientes portadores de hipertensão pulmonar. Neste texto iremos abordar as indicações de transplante pulmonar neste contexto.
Esta diretriz baseia suas recomendações de acordo com o método LoE (Class of Recommendation and Level of Evidence), no qual existem 4 classes de recomendação (Classe I: recomendação forte; Classe IIa: deve ser considerada; Classe IIb: pode ser considerada e Classe III: não recomendada) e 3 níveis de evidência (Nível A: informações derivadas de múltiplos estudos randomizados ou metanálises de elevada qualidade; Nível B: informações de um único estudo randomizado ou grandes estudos não randomizados e Classe C: consenso de opiniões de especialistas e/ou estudos pequenos, observacionais ou retrospectivos).
O transplante pulmonar continua sendo uma importante opção de tratamento para pacientes com hipertensão pulmonar (HP) refratária à terapia médica otimizada.
Em pacientes com HP, o encaminhamento para um centro especializado em transplante pulmonar deve ser considerado precocemente.
Recomenda-se que potenciais candidatos elegíveis sejam encaminhados para avaliação de transplante pulmonar caso apresentem resposta inadequada à terapia combinada oral, indicada por um risco intermediário-alto ou alto, ou por uma pontuação de risco REVEAL superior a 7 – recomendação forte, com nível de evidência C.
Nota da autora: O risco de morte pode ser estimado por dois modelos: um com três estratos (baixo, intermediário e alto risco) e outro com quatro estratos (baixo, intermediário-baixo, intermediário-alto e alto risco). O primeiro modelo é mais complexo, abrangendo sinais clínicos, teste cardiopulmonar, biomarcadores, ecocardiografia, ressonância magnética cardíaca e avaliação hemodinâmica. Já o segundo modelo é mais simplificado, considerando apenas sinais clínicos e biomarcadores.
Recomenda-se listar para transplante pulmonar pacientes com alto risco de morte ou pontuação de risco REVEAL ≥10, mesmo após otimização da terapia medicamentosa, incluindo o uso de análogos de prostaciclina intravenosos ou subcutâneos – recomendação forte, com nível de evidência C.
Nota da autora: O escore REVEAL, aplicado a pacientes com hipertensão pulmonar tipo 1, considera os seguintes fatores: idade, taxa de filtração glomerular, classe funcional NYHA/WHO, pressão arterial sistólica, frequência cardíaca, histórico de hospitalizações, desempenho no teste de caminhada de 6 minutos, além de dados obtidos por ecocardiografia e cateterismo cardíaco direito. (link para a calculadora online: https://www.mdcalc.com/calc/10071/reveal-registry-risk-score-pulmonary-arterial-hypertension-pah)
Outros principais critérios de referência para centro transplantador:
Pacientes potencialmente elegíveis para os quais o transplante pode ser uma opção em caso de falha no tratamento.
Variantes de alto risco conhecidas ou suspeitas, como doença venooclusiva pulmonar ou hemagiomatose capilar pulmonar, esclerose sistêmica ou aneurismas da artéria pulmonar grandes e progressivos.
Sinais de disfunção hepática ou renal secundárias à HP.
Outras complicações potencialmente fatais, como hemoptises recorrentes.
Outros critérios de listagem para transplante pulmonar em pacientes com HP:
Paciente totalmente avaliado e preparado para o transplante.
Hipoxemia progressiva, especialmente em pacientes com doença venooclusiva pulmonar ou hemagiomatose capilar pulmonar.
Disfunção hepática ou renal progressivas, mas não terminal, devido à HP.
Hemoptise com risco de vida.
Outras Informações Pertinentes
Recomenda-se que os centros especializados em transplante pulmonar ofereçam cuidados por meio de uma equipe multidisciplinar composta por cardiologista, pneumologista, reumatologista, enfermeiro especialista, radiologista, psicólogo e assistente social - recomendação forte, com nível de evidência C.
Os centros especializados em hipertensão pulmonar devem acompanhar um número suficiente de pacientes para manter a expertise, com pelo menos 50 pacientes diagnosticados com HP ou tromboembolismo pulmonar crônico e, no mínimo, dois novos encaminhamentos mensais com diagnóstico documentado dessas condições. Além disso, é recomendável considerar colaborações com centros de maior volume – deve ser considerado, com nível de evidência C.
Autor do conteúdo
Carolina Ferrari
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/como-eu-faco-a-indicacao-de-transplante-pulmonar-em-pacientes-com-hipertensao-pulmonar
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