CBR 2024 - Tratamento da Doença de Sjogren: Onde Estamos e Onde Pretendemos Chegar?
21 de setembro de 2024
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A Doença de Sjögren (DS) é uma doença autoimune sistêmica caracterizada principalmente por secura ocular e oral devido à destruição glandular mediada por inflamação linfocítica (periepitelite autoimune). Além disso, manifestações sistêmicas estão presentes em até 50% dos pacientes, com risco aumentado de linfoma não-Hodgkin de células B extranodal em cerca de 5%. A patogênese envolve autoanticorpos, como anti-Ro/SSA e anti-La/SSB, levando à disfunção glandular e a manifestações extra-epiteliais, como neuropatia periférica, pneumopatia e nefrite intersticial. Devido ao seu grande espectro fenotípico e de gravidade o tratamento da DS representa um grande desafio. Diante do exposto, esse tema foi abordado em mesa redonda no Congresso Brasileiro de Reumatologia de 2024.
O tratamento da Doença de Sjögren centra-se principalmente no manejo da síndrome sicca, com o uso de colírios sem conservantes e estimulantes muscarínicos, como pilocarpina e cevimelina. Medidas não farmacológicas, como umidificação ambiental e redução do tempo de exposição a telas, também são recomendadas. Para a secura cutânea, indicam-se emolientes lipofílicos, e para a secura vaginal, hidratantes tópicos não hormonais ou em combinação com estrógenos tópicos.
A fadiga, um sintoma debilitante comum, pode ser amenizada com exercícios físicos. Embora a hidroxicloroquina não tenha demonstrado benefícios clínicos claros em ensaios controlados, estudos observacionais sugerem sua capacidade de reduzir o comprometimento sistêmico ao modular citocinas, como o interferon, e diminuir os níveis de IgG sérico.
Novos tratamentos, como o dazodalibep e o ianalumab, mostram-se promissores. O ianalumab, que bloqueia a sinalização do receptor BAFF-R e depleta células B via citotoxicidade celular, está em Fase 3 de estudos clínicos, com resultados positivos no controle da atividade da doença, medidos pelo ESSDAI, alcançando o objetivo primário na semana 24. Esses avanços podem redefinir o manejo clínico da Síndrome de Sjögren, oferecendo novas perspectivas terapêuticas.
Na prática, a medicina de precisão está revolucionando o tratamento da Doença de Sjögren ao introduzir novas classificações moleculares que permitem identificar subgrupos de pacientes com base em perfis imunológicos e clínicos. Isso inclui a distinção entre aqueles com inflamação linfocítica B predominante ou elevada atividade sistêmica, ajudando a direcionar terapias mais eficazes. Ensaios clínicos com novos agentes biológicos, como belimumabe, dazodalibep e ianalumab, estão em andamento, mostrando potencial na redução da atividade da doença. Essa abordagem personalizada promete melhorar o controle da progressão da DS e, consequentemente, a qualidade de vida dos pacientes.
Autor do conteúdo
Equipe DocToDoc
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Públicação Oficial
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