CBR 2024 – Doença Inflamatória Ocular e o Reumatologista
24 de setembro de 2024
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Condições sistêmicas nas doenças inflamatórias oculares podem estar presentes em 50-70% das vezes. O papel do reumatologista emerge como fundamental nesta investigação e na coordenação da imunossupressão da doença de base e inflamação ocular. Diante do exposto, esse tema foi abordado em palestra ministrada pelo Dr. Eduardo dos Santos Paiva no Congresso Brasileiro de Reumatologia de 2024.
O palestrante inicia explicando que as episclerites, que afetam predominantemente mulheres, apresentam uma evolução aguda e de curta duração, geralmente de origem idiopática. Quando associadas a doenças reumatológicas, são mais frequentes na artrite reumatoide, mas também podem ocorrer de forma esporádica em vasculites, lupus eritematoso sistêmico (LES) e espondiloartrites. Em contraste, as esclerites são caracterizadas por dor intensa e maior duração, estando mais frequentemente ligadas a complicações graves e a doenças sistêmicas, especialmente à artrite reumatoide, vasculites ANCA, doença de Behçet, policondrite recidivante, LES e espondiloartrites. As esclerites podem evoluir para condições graves, como a escleromalácia perfurans. O tratamento das episclerites geralmente envolve medicamentos tópicos, como anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) e lubrificantes, ou AINEs orais. Para esclerites secundárias a doenças reumatológicas, é necessário um tratamento imunossupressor intenso, que pode incluir corticoides em altas doses ou pulsoterapia, ciclofosfamida e rituximabe. Casos leves e idiopáticos podem ser tratados com metotrexato, micofenolato mofetil ou ciclosporina. No contexto das uveítes, a presença do antígeno HLAB27 em pacientes com artrite psoriásica é relevante. Pacientes positivos para HLAB27 tendem a ter episódios agudos e unilaterais, enquanto os negativos podem apresentar quadros bilaterais e crônicos. O Dr. Paiva ainda destaca uma metanálise publicada no Arthritis and Rheumatology em dezembro de 2023 que evidenciou o papel dos anti-TNF, inibidores de JAK e anti-IL-17 na prevenção de eventos de uveíte anterior em indivíduos com espondiloartrite axial, sem diferenças significativas no risco de uveíte entre os diferentes tratamentos.
Na prática, a investigação complementar do paciente com doença inflamatória ocular será baseada conforme o tipo de comprometimento e a história clínica do paciente. As infecções são responsáveis por uma grande parcela dos casos e devem ser sempre rastreadas e excluídas. O arsenal terapêutico em expansão possibilita melhor controle e prevenção de recidivas nestes casos.
Autor do conteúdo
Equipe DocToDoc
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Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/cbr-2024-doenca-inflamatoria-ocular-e-o-reumatologista
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