CBR 2024 - Discutindo a Interface Câncer e Autoimunidade
20 de setembro de 2024
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A interface entre doenças autoimunes e neoplasias envolve uma relação complexa entre o sistema imunológico e a carcinogênese. Pacientes com doenças autoimunes, como artrite reumatoide (AR), lúpus eritematoso sistêmico (LES) e doença de Sjögren, apresentam um risco aumentado de desenvolver neoplasias, em particular, linfomas, câncer de pulmão e melanoma. Essa relação pode ser explicada pela inflamação crônica presente nessas doenças, pela disfunção imunológica que compromete a vigilância contra células malignas e pelos efeitos do tratamento imunossupressor. Além disso, neoplasias ou tratamentos antineoplásicos podem induzir autoimunidade, levando ao surgimento ou exacerbação de doenças autoimunes. Diante do exposto, tal tema foi discutido em conferência no Congresso Brasileiro de Reumatologia de 2024.
Na conferência foi discutido que os mecanismos envolvidos incluem alterações no microbioma, falhas na tolerância central, e a regulação da imunidade por moléculas de checkpoint imunológico, como CTLA-4 e PD-1. Algumas neoplasias podem favorecer o desenvolvimento de doenças autoimunes, seja pelo efeito direto do tumor no sistema imunológico ou pelos efeitos adversos dos tratamentos oncológicos, como os inibidores de checkpoint.
Na artrite reumatoide (AR), os pacientes têm 10% mais risco de desenvolver neoplasias em comparação à população geral. Há um aumento de 2,46 vezes no risco de linfoma, 1,63 vezes mais risco de câncer de pulmão e 1,23 vezes mais risco de melanoma. O uso de anti-TNFs, foi discutido em termos de segurança oncológica. Nesse contexto, estudos não demonstram aumento significativo do risco de melanoma invasivo em pacientes tratados com anti-TNF, com base em um projeto colaborativo de 11 registros europeus de biológicos. Além disso, a sobrevida específica para câncer de mama foi melhor em pacientes tratados com anti-TNF em comparação aos que receberam imunossupressores convencionais no primeiro ano.
Na prática, o uso de medicamentos, especialmente os imunossupressores e biológicos, deve ser feito com cautela, levando em consideração o perfil de risco individual de cada paciente. A terapia com anti-TNF se mostra segura em relação ao risco de neoplasias sólidas, enquanto o uso de corticosteroides em doses elevadas deve ser limitado sempre que possível devido ao impacto na sobrevida.
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Equipe DocToDoc
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Públicação Oficial
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