Qual o Contexto? 

A gota é uma doença inflamatória que afeta principalmente as articulações, ocorrendo quando os níveis de ácido úrico no sangue estão elevados. Os medicamentos hipouricemiantes têm o objetivo principal de reduzir esses níveis e são a base do tratamento a longo prazo. No entanto, surge a questão: além desses medicamentos, há espaço para outras terapias no manejo da gota? Diante do exposto, esse tema foi abordado durante o Congresso Brasileiro de Reumatologia de 2024. 

Resumo da Palestra:

A palestra foi iniciada explicando que a colchicina, além de ser amplamente utilizada no tratamento e prevenção de crises de gota, atua inibindo o inflamassomo NLRP3. Estudos recentes, como LoDoCo 1 e 2 e COLCOT, demonstraram seus efeitos benéficos na prevenção de doenças cardiovasculares, expandindo seu uso, especialmente em pacientes com gota e comorbidades metabólicas. Os principais efeitos adversos são gastrintestinais, e ajustes de dose são necessários em pacientes com doença renal crônica ou que utilizam inibidores da glicoproteína-P e da CYP3A4. A colchicina é contraindicada em casos de doença hepática grave e requer cautela em combinação com certas estatinas (atorvastatina, sinvastatina e lovastatina). Além disso, o fenofibrato, com ação uricosúrica, e a losartana, única entre os bloqueadores do receptor de angiotensina a reduzir significativamente o ácido úrico, são opções importantes no manejo da hiperuricemia. Um estudo de 2023 também sugere que os inibidores de SGLT2 estão associados a menor risco de crises de gota e mortalidade, especialmente em pacientes com gota e diabetes tipo 2.

Qual o Impacto na Prática?

Na prática, considerando a relação intrínseca entre gota e síndrome metabólica, é fundamental que o reumatologista esteja familiarizado com esse arsenal terapêutico, que oferece benefícios duplos tanto no controle da gota quanto no manejo das comorbidades metabólicas.