Qual o Contexto?

A associação entre calcificação vascular e doença cardiovascular (DCV) é bem estabelecida. Em pacientes assintomáticos, sem doença cardiovascular aterosclerótica estabelecida, a presença de calcificação coronária na tomografia computadorizada é uma medida validada de aterosclerose subclínica e pode orientar a intervenção mais adequada para prevenção de desfechos cardiovasculares negativos. Dada sua relevância, este tema foi discutido no Congresso da Sociedade Brasileira de Cardiologia.

Resumo do Tema:

O escore de cálcio (EC) em pacientes assintomáticos é indicado em adultos com idade ≥ 40 anos, com risco intermediário a alto (7,5 a < 20% de risco de doença cardiovascular aterosclerótica em 10 anos pelo escore da ACC/AHA). Nestes pacientes, o EC serve como estratificador de risco e ajuda a orientar a discussão sobre decisão de início de terapia com estatinas e, possivelmente, aspirina. Consistente com os fatos anteriores, há o estudo Heinz Nixdorf Recall que fez EC em 4.400 participantes sem doença coronariana conhecida e os acompanhou por mais de cinco anos. Entre a categoria de risco intermediário, 2,1% dos pacientes sofreram um evento de doença coronariana. As taxas de eventos de doença coronariana foram significativamente mais altas no grupo EC >400 (6,8%) em comparação com os grupos EC 100 a 399 (2,4%) e EC <100 (1,4%), mostrando que o EC pode refinar de maneira significativa a estratificação de risco cardiovascular de pacientes assintomáticos.

Qual o Impacto na prática?

No perfil de pacientes descrito, o uso do EC é bastante válido para estratificação de risco cardiovascular e orientação de terapêutica hipolipemiante. Por isso, deve ser recomendado para refinamento do tratamento dos pacientes. No entanto, vale ressaltar que, o EC não deve ser usado para todos os perfis de pacientes e não é recomendado naqueles de baixo (<5% de risco em 10 anos), de muito alto risco (≥20% de risco em 10 anos) pelo escore ACC/AHA ou naqueles com sintomas claramente isquêmicos atuais.