Qual o Contexto? 

A perfusão cerebral pode variar conforme o local de canulação arterial, o que pode impactar a incidência de eventos adversos neurológicos em pacientes submetidos à ECMO (oxigenação por membrana extracorpórea) após cardiotomia. Este estudo observacional retrospectivo analisou os efeitos da canulação subclávia/axilarem em comparação com a canulação aórtica sobre as complicações neurológicas e a mortalidade em pacientes com ECMO pós-cardiotomia. Os resultados indicaram que a canulação subclávia/axilar está associada a maiores taxas de complicações neurológicas graves e convulsões, enquanto a canulação aórtica apresentou uma mortalidade hospitalar mais elevada, embora sem diferença significativa na incidência de causas neurológicas de morte.

Como o Estudo Foi Feito? 

Foram incluídos 1.897 pacientes que necessitaram de ECMO pós-cardiotomia, utilizando dados do Post-Cardiotomy Extracorporeal Life Support Study (PELS). A incidência de desfechos neurológicos compostos, como acidente vascular encefálico isquêmico, hemorragia e edema cerebral, foi comparada entre os grupos. O estudo mostrou que complicações neurológicas maiores ocorreram com maior frequência nos pacientes com canulação subclávia/axilar (19,6%) em comparação com aqueles submetidos à canulação aórtica (15,8%). Além disso, as convulsões foram significativamente mais comuns nos pacientes com canulação subclávia/axilar (3,4%) do que nos pacientes com canulação aórtica (1,8%). A mortalidade intra-hospitalar foi significativamente maior no grupo de canulação aórtica (68,4%) em comparação com o grupo de canulação subclávia/axilar (56,2%). No entanto, a mortalidade por causas neurológicas foi semelhante entre os dois grupos.

Qual o Impacto na Prática? 

Este estudo observacional reforça a importância de implementar estratégias preventivas, vigilância neurológica intensiva e neuromonitorização em pacientes submetidos à ECMO pós-cardiotomia, especialmente naqueles com canulação subclávia/axilar. Além disso, destaca a necessidade de estudos adicionais para avaliar a taxa de sobrevivência e determinar o perfil ideal de pacientes para cada estratégia de canulação (subclávia/axilar, aórtica ou femoral).