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    Bimequizumabe em Pacientes com Artrite Psoriásica Ativa e Resposta Inadequada a Inibidores de TNFα

    02 de janeiro de 2025

    4 minutos de leitura

    Residente Colaborador:

    Lucas Barone da Rocha

    Pergunta:

    • O bimequizumabe é superior ao placebo no controle de artrite psoriásica em pacientes com falha ou intolerância à anti-TNF? 

    Background:

    • Artrite psoriásica (AP) é uma doença crônica, imunomediada com uma série de manifestações musculoesqueléticas e dermatológicas, na qual os pacientes frequentemente perdem a resposta ou desenvolvem intolerância às terapias por mecanismo qual ainda não são claros e provavelmente multifatoriais. A inibição da IL-17 se mostrou eficaz no controle de sintomas dessa entidade, mas a inibição concomitante de 2 isoformas da IL17 (IL-17F e IL-17A) não era uma opção até o momento. O presente estudo avalia o resultado da inibição de ambas as isoformas da interleucina pelo bimekizumabe em populações com falha ou intolerância à anti-TNF.

    Desenho do Estudo:

    • Ensaio clínico randomizado fase 3

    • Multicêntrico (92 centros 11 países)

    • Duração de 16 semanas 

    • Duplo-cego, controlado por placebo.

    • Alocação em proporção de 2:1 para receber bimequizumabe ou placebo

    • Necessários 390 pacientes, randomizados na proporção 2:1, para detectar uma diferença absoluta de 16% (OR = 3,16) com 96% de poder.

    População:

    • Pacientes com diagnóstico de artrite psoriásica que apresentaram falha ou intolerância à anti-TNF entre 2019 e 2022.

    Critérios de Inclusão:

    • 18 anos de idade ou mais

    • Artrite psoriásica há pelo menos 6 meses 

    • Atividade de doença por escore de atividade 

    • Histórico de resposta inadequada ou intolerância à inibidores de TNFα para artrite psoriática e psoríase.

    Critérios de Exclusão:

    • Exposição prévia a qualquer biológico para tratamento de artrite psoriásica e psoríase, exceto inibidores de TNF-α.

    • Comorbidades não controladas, incluindo infecções ativas, malignidades ou doenças autoimunes concomitantes.

    • Uso recente de medicamentos proibidos, como outros biológicos ou drogas 

    • História de hipersensibilidade a medicamentos semelhantes ao bimekizumabe.

    Intervenção:

    • Bimequizumbe SC 160 mg a cada 4 semanas.

    Controle:

    • Placebo SC a cada 4 semanas 

    Desfechos:

    • Primário: proporção de pacientes alcançando pelo menos 50% de melhora nos critérios do American College of Rheumatology (ACR50) na semana 16

    • Secundários: HAQ-DI, PASI90, mudança no escore do componente físico do SF-36, proporção de pacientes alcançando atividade mínima da doença (MDA).

     Características dos Pacientes:

     

    Masculino (48% Masculino)Feminino (52% Feminino)
    Masculino
    Feminino

     

    • Placebo (n=133) x Bimequizumabe (160mg, n=267)

      • Idade média: 51,3 x  50,1 anos

      • IMC (Kg/m²): 29 x 30,1

      • Tempo de doença (anos): 9,2 x 9,6

      • PCR > 6mg/L: 44% x 44%

      • Resposta Inadequada à 1 anti-TNF: 77% x 76%

      • Resposta inadequada a 2 anti-TNF: 11% x 11%

      • Intolerância a anti-TNF: 11% x 13%

    Resultados:

    • Bimequizumabe foi superior ao placebo em atingir ACR50, atingindo significância estatística. ACR50 na semana 16: 43% no grupo bimequizumabe versus 7% no grupo placebo (OR ajustada: 11,1; IC 95%: 5,4–23,0; p<0,0001).

    • Todos os desfechos secundários classificados na hierarquia estatística pré-especificada atingiram significância estatística em relação ao placebo na semana 16.

    • PASI90 (melhora de 90% no Índice de Área e Gravidade da Psoríase), 69% dos pacientes tratados com bimequizumabe atingiram o desfecho, em comparação a 7% no grupo placebo (odds ratio ajustado de 30,2; IC 95%: 12,4–73,9; p < 0,0001). 

    • Em relação ao índice de incapacidade (HAQ-DI), houve uma melhora estatisticamente significativa no grupo bimequizumabe em comparação ao placebo. 

    • Além disso, uma maior proporção de pacientes no grupo bimequizumabe alcançou atividade mínima da doença (MDA) em comparação ao grupo placebo. 

    • Eventos adversos emergentes: 40% (bimequizumabe) vs 33% (placebo). Não houve novos sinais de segurança ou óbitos.

    Conclusões:

    • Após 16 semanas, bimequizumabe apresentou eficácia superior ao placebo para melhora de manifestações articulares e cutâneas em pacientes com artrite psoriásica ativa que não responderam ou toleraram inibidores de TNF-α.

    Pontos Fortes:

    • Desenho rigoroso

    • Foco em pacientes com artrite psoriásica refratária a tratamentos anteriores.

    • Avaliação abrangente de desfechos relevantes, como manifestações da doença e impacto na qualidade de vida.

    • A randomização 2:1 balanceou as necessidades éticas, aumentou a precisão nas estimativas de eficácia e segurança, e ainda garantiu poder estatístico suficiente para avaliar a superioridade do bimequizumabe em relação ao placebo.

    Pontos Fracos:

    • Apenas 16 semanas de acompanhamento no período duplo-cego, o que pode não capturar totalmente os efeitos de longo prazo.

    • Exclusão de pacientes com comorbidades múltiplas, limitando a generalização para populações do mundo real.

    • O patrocínio integral do estudo pela UCB Pharma, responsável pelo desenvolvimento do bimequizumabe, pode introduzir potenciais vieses em várias etapas, incluindo o desenho, análise e interpretação dos resultados.


    Autor do conteúdo

    Marcos Jacinto


    Referências

    Públicação Oficial

    https://app.doctodoc.com.br/conteudos/bimequizumabe-em-pacientes-com-artrite-psoriasica-ativa-e-resposta-inadequada-a-inibidores-de-tnf


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