Contexto:
- Artrite é uma manifestação comum nos pacientes com esclerose sistêmica (SSc), sendo demonstrado em coorte recente uma prevalência de 30% (1)
- O tratamento pode ser desafiador, uma vez que uso do corticoide está associado a uma manifestação rara, porém extremamente grave, a crise renal esclerodérmica.
- Apesar da pouca evidência, trouxemos uma pílula baseada em um artigo de revisão recente (2).
Como manejar esses pacientes?
- Avaliar outras manifestações orgânicas, como acometimento cutâneo extenso ou pulmonar grave.
- Avaliar se existem achados sugestivos de sobreposição com artrite reumatoide (AR) como:
- Anti-CCP positivo em altos títulos
- Erosão
- Mais comum na SSc limitada
- fator reumatoide não ajuda nessa avaliação, uma vez que ele está presente em 30-50% dos pacientes com SSc
Depois que classificarmos os pacientes dessa maneira, teremos dois, principais, perfis de pacientes:
- Quadro articular predominante sem manifestações orgânicas graves com ou sem sobreposição com AR
- Metotrexato é o medicamento de escolha, sendo opções a hidroxicloroquina ou leflunomida
- Se refratário, preferir biológicos não TNF (principalmente tocilizumabe ou rituximabe). Inibidores da JAK (iJAK) são uma opção.
2. Quadro sistêmico predominante (ex.: pele ou pulmão são graves)
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- Foco no tratamento sistêmico, caso quadro articular seja refratário, preferir tocilizumabe ou rituximabe.
- Se quadro cutâneo grave, preferir rituximabe (dados do estudo DESIRES (3))
- Opções alternativas: abatacepte ou iJAK
- Evitar Anti-TNF
*Atenção: Evitar o uso de corticoide, caso seja necessário, utilizar pelo menor tempo possível em doses ≤ 10mg/dia de prednisona em desmame. (relembrando: o maior risco de crise renal esclerodérmica ocorre nos pacientes com doses ≥ 15mg/dia de prednisona, SSc forma difusa e Anti-RNA polimerase 3)
Para não esquecer:
- Envolvimento articular é frequente na SSc, sendo a sobreposição com AR rara
- Guiar o tratamento pelas manifestações sistêmicas,
- Paciente com quadro articular refratário considerar tocilizumabe ou rituximabe
Referências Bibliográficas:
- 1. Schwender E, Hansen D, Stevens W, Ross L, Proudman S, Walker J, et al. Inflammatory Arthritis in Systemic Sclerosis: Its Epidemiology, Associations, and Morbidity. Arthritis Care Res. 2024;76(6):760–7.
- 2. Kayser C, Victória De Oliveira Martins L. Treatment of Inflammatory Arthritis in Systemic Sclerosis. Rheum Dis Clin N Am. maio de 2023;49(2):337–43.
- 3. Ebata S, Yoshizaki A, Oba K, Kashiwabara K, Ueda K, Uemura Y, et al. Safety and efficacy of rituximab in systemic sclerosis (DESIRES): open-label extension of a double-blind, investigators-initiated, randomised, placebo-controlled trial. Lancet Rheumatol. agosto de 2022;4(8):e546–55.