Qual o contexto?
Lipoproteínas e suas apolipoproteínas componentes desempenham um papel importante na sepse, influenciando tanto a resposta inflamatória quanto os desfechos clínicos. No entanto, a associação dessas proteínas com a mortalidade em choque séptico ainda não é bem estabelecida, especialmente em diferentes populações. Por isso, realizou-se este estudo observacional que demonstrou que, em pacientes japoneses com choque séptico, níveis reduzidos de apolipoproteína A-II (ApoA2) e variações genéticas do gene ApoA2 estão associados a um maior risco de mortalidade.

Como o estudo foi feito?
Foram analisados 687 pacientes japoneses diagnosticados com choque séptico para avaliar a associação entre níveis de lipoproteínas e apolipoproteínas na admissão em unidade de terapia intensiva (UTI) e mortalidade hospitalar. Além disso, foram identificados polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs) do gene ApoA2, examinando-se sua relação com a mortalidade em 28 dias e disfunção orgânica. Os resultados mostraram que baixos níveis séricos de ApoA2 foram associados a maior risco de morte hospitalar (aHR 1,05; IC 95% 1,02–1,09; P < 0,001). Além disso, pacientes com o genótipo rs6413453 GG do ApoA2 apresentaram maior mortalidade em 28 dias (aHR 1,79; IC 95% 1,06–3,04; P = 0,029) e menor número de dias livres de disfunção cardiovascular, respiratória, renal e neurológica.

Qual o impacto na prática?
Os resultados deste estudo sugerem que a apolipoproteína A2 pode ser um biomarcador prognóstico relevante em pacientes com choque séptico, auxiliando na estratificação de risco e manejo clínico na UTI. No entanto, estes achados precisam ser validados em estudos multicêntricos maiores e em populações diversas antes de sua implementação na prática clínica.