ADA 2024 - Relação entre Diabetes e Doenças Pulmonares é Tema Inédito do Encontro da Associação Americana de Diabetes 2024
25 de junho de 2024
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Os congressos de diabetes agora contam com a participação de pneumologistas, destacando uma área pouco explorada: a relação entre diabetes e doenças pulmonares, especialmente asma e DPOC. A Dra. Dinah Foer, palestrante no Encontro da Associação Americana de Diabetes (ADA) 2024, destacou a ausência do termo "pulmão" nas diretrizes de diabetes e a menção limitada do diabetes nas diretrizes de asma e DPOC. Embora as diretrizes de asma mencionem diabetes apenas como um efeito adverso de corticosteroides orais, e as de DPOC reconheçam a síndrome metabólica e diabetes como doenças relacionadas, a discussão sobre as relações fisiopatológicas entre elas é nova e incipiente. Durante a palestra, foram apresentadas novas perspectivas sobre a relação entre resistência insulínica, síndrome metabólica e asma, em crianças e adultos, e a piora da função pulmonar em indivíduos com e sem asma.
Em pacientes com resistência insulínica, níveis elevados de insulina podem levar à deposição de colágeno e proliferação de músculo liso nas vias aéreas, alterações relacionadas à asma. Estudos mostram que a insulina causa hiperresponsividade das vias aéreas, e maiores níveis de HOMA-IR estão associados a menores níveis de VEF1 e CVF após a prova broncodilatadora, um padrão semelhante ao observado em fibrose pulmonar. Portanto, parece haver um ciclo vicioso onde a resistência insulínica provoca alterações que aumentam a morbidade da asma, levando ao uso de corticosteroides, que, por sua vez, exacerbam a resistência insulínica. Adicionalmente, evidências observacionais indicam melhora nos desfechos da asma em pacientes usando medicações para diabetes. Ensaios clínicos com esse perfil de pacientes estão em andamento, como o GATA-3 avaliando a semaglutida e o estudo MINA avaliando a metformina. Outro ponto destacado foram estudos de coorte que sugerem que pacientes que iniciam agonistas de GLP-1 para tratamento do diabetes têm menos exacerbações de asma e DPOC, possivelmente devido à redução da periostina sérica, uma proteína envolvida na remodelação das vias aéreas. Além da relação entre diabetes e pulmão, a obesidade é um fator de risco e modificador da asma, piorando os sintomas e dificultando o controle. A proteína FABP4, aumentada em obesos e asmáticos, contribui para a hiperresponsividade das vias aéreas e a obstrução expiratória. Anticorpos monoclonais anti-FABP4 estão sendo estudados como tratamento para diabetes tipo 2 e redução da resistência das vias aéreas.
Os mecanismos que levam à inflamação pulmonar na obesidade e diabetes são complexos e multifacetados. O processo inflamatório relacionado ao diabetes, obesidade e síndrome metabólica parece ser o ponto central das diversas complicações. Apesar de dados observacionais mostrarem melhora nos desfechos da asma em pacientes utilizando medicações para diabetes, ainda não está claro se a resistência à insulina e condições associadas causam asma ou são consequência dela. Na prática, é crucial que os profissionais de saúde estejam atentos ao maior risco de exacerbações de asma e declínio acelerado da função pulmonar em pacientes diabéticos. O ciclo vicioso da asma/DPOC e diabetes/síndrome metabólica aumenta o risco de exacerbações, que levam ao uso crescente de corticosteroides orais, piorando o controle glicêmico e aumentando o ganho de peso, o que agrava ainda mais o quadro pulmonar. Os próximos guidelines de diabetes deverão incluir a avaliação dos riscos pulmonares, além dos outros órgãos já reconhecidamente afetados pelo diabetes. Pesquisas em andamento estão avaliando os desfechos do uso de medicamentos como agonistas de GLP-1 e metformina na asma e DPOC.
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Equipe DocToDoc
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/ada-2024-relacao-entre-diabetes-e-doencas-pulmonares-e-tema-inedito-do-encontro-da-associacao-americana-de-diabetes-2024
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