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    ADA 2024 - Novo Olhar sobre Glicemia, Inflamação e Insuficiência Cardíaca: Resultados do Estudo SELECT

    25 de junho de 2024

    3 minutos de leitura

    Qual o Contexto? 

    O estudo SELECT avaliou os efeitos da semaglutida (análogo do receptor de GLP1) na redução de eventos cardiovasculares em pacientes com sobrepeso, obesidade e doenças cardiovasculares (DCV) pré-existentes, que não tinham diabetes. Houve redução de 20% do desfecho composto cardiovascular (MACE) - morte por causas cardiovasculares, infarto agudo do miocárdio (IAM) não fatal ou acidente vascular cerebral (AVC) não fatal, no grupo que recebeu semaglutida, em comparação com o placebo. No entanto, algumas questões ainda ficaram sem resposta: Qual o impacto da semaglutida na prevenção e na progressão do diabetes? Qual o efeito da perda de peso na melhora da glicemia? Qual o mecanismo que leva à redução de risco cardiovascular? Está relacionado com a perda de peso? Está relacionado com a glicemia? Qual o efeito da semaglutida na insuficiência cardíaca e inflamação? No Encontro da Associação Americana de Diabetes 2024, foram apresentados novos dados de subanálises do estudo SELECT para tentar responder essas perguntas

    Resumo da Palestra: 

    A semaglutida 2,4 mg semanal melhorou o controle glicêmico em pacientes com alto risco cardiovascular sem diabetes, aumentando em quase quatro vezes a regressão dos níveis glicêmicos para normoglicemia e reduzindo o risco de progressão para diabetes em 73%. Para prevenir um caso de diabetes em três anos, foi necessário tratar 18,5 indivíduos (NNT), com maior efeito em pacientes com níveis glicêmicos piores (HbA1C 6,0% a 6,5%). A perda de peso explicou cerca de 30% dos efeitos benéficos da semaglutida na glicemia, indicando que existem outros efeitos além da perda de peso. Os efeitos benéficos da semaglutida na redução do risco cardiovascular foram observados independentemente da perda de peso significativa e dos níveis de hemoglobina glicada iniciais. Os benefícios foram semelhantes em pacientes com IMC 27-30 kg/m2 e obesidade, e mesmo naqueles que não tiveram perda de peso significativa (< 5%). Isso sugere que a redução de risco cardiovascular não está exclusivamente relacionada à perda de peso, mas sim a fatores pleiotrópicos além da redução glicêmica. Entre os 4.286 pacientes com insuficiência cardíaca (IC) no estudo SELECT, a semaglutida reduziu o risco de MACE e de desfecho composto de IC (morte cardiovascular e hospitalização/ida ao pronto atendimento por IC). Os benefícios cardiovasculares da semaglutida foram semelhantes em pacientes com IC com fração de ejeção reduzida (ICFER) e preservada (ICFEP). A segurança e as taxas de descontinuação foram semelhantes nos pacientes com e sem IC, reforçando que a semaglutida melhora desfechos cardiovasculares independentemente do histórico de IC. A inflamação crônica foi abordada como um mecanismo terapêutico potencial na aterosclerose e MACE. Nesta subanálise, níveis de proteína C reativa ultrassensível (PCRus) foram biomarcadores prognósticos para MACE. Pacientes com maiores níveis de PCRus no baseline tiveram maiores riscos de IAM, morte cardiovascular e morte por todas as causas. Quanto maior a perda de peso, maior foi a redução dos níveis de PCRus, sendo ainda maior no grupo semaglutida. A semaglutida reduziu significativamente o MACE em todos os níveis de PCRus basal, com efeitos observados precocemente, antes mesmo da perda de peso significativa.

    Qual o Impacto na Prática? 

    A semaglutida mostrou redução do risco de eventos cardiovasculares no estudo SELECT independentemente dos valores de IMC inicial, glicemia e perda de peso. Além disso, a semaglutida reduziu o percentual de pacientes que evoluíram para diabetes e aumentou o percentual de pré-diabéticos que retornaram à normoglicemia. A perda de peso explica somente 30% dos efeitos benéficos na glicemia, sugerindo outros mecanismos de ação.  Níveis de PCRus demonstraram ser biomarcadores úteis para avaliação de risco cardiovascular, embora não se recomende sua dosagem de rotina a nível populacional. A redução dos marcadores de inflamação ocorreu antes mesmo da perda de peso significativa. Pacientes com ICFEP e ICFER também se beneficiaram dos efeitos protetores cardiovasculares da semaglutida. No entanto, esses dados são de subanálises e não de desfechos primários do estudo, e a predominância de homens brancos entre os participantes limita a extrapolação dos resultados para outras populações.


    Autor do conteúdo

    Equipe DocToDoc


    Referências

    Públicação Oficial

    https://app.doctodoc.com.br/conteudos/ada-2024-novo-olhar-sobre-glicemia-inflamacao-e-insuficiencia-cardiaca-resultados-do-estudo-select


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