Qual o Contexto? 

No Encontro da Associação Americana de Diabetes 2024, a segurança das novas terapias para diabetes foi tema central, focando nas novas formulações de insulina e nas combinações em proporções fixas de insulinas basais e análogos de GLP1 (arGLP1). A palestra abordou as implicações e os potenciais riscos associados a essas terapias, destacando a importância de um uso seguro e eficaz dessas medicações.

Resumo da Palestra

 A Dra. Anne Peters discutiu os efeitos colaterais comuns das insulinas, como ganho de peso, hipoglicemias, lipo-hipertrofia e edema. Ela explicou que a administração de insulina de forma isolada e subcutânea pode aumentar a ocorrência de efeitos colaterais, pois a secreção fisiológica de insulina é sincronizada com outros hormônios pancreáticos e ocorre na circulação portal. Edema relacionado à insulina é mais frequente em pacientes com HbA1c muito elevada que recebem insulina e reduzem rapidamente os níveis de glicemia. Novas insulinas semanais, como Icodec e BIF, mostraram reduções de HbA1c comparáveis às insulinas diárias, mas com maior incidência de hipoglicemias em pacientes com DM1. Essas insulinas podem ser benéficas para pacientes com DM1 com baixa adesão ao tratamento. Dra. Peters destacou a necessidade de acesso e custo acessível às novas tecnologias de insulina para garantir um cuidado de alta qualidade.

A Dra. Liana Billings abordou as combinações fixas de insulina basal e arGLP1, incluindo IDegLira, IGlarLixi e IcoSema. Essas combinações oferecem controle glicêmico noturno, alta eficácia e perda de peso, além de menor risco de hipoglicemias e efeitos colaterais gastrointestinais. Estudos mostraram que pacientes em uso dessas combinações relataram menores taxas de náusea e vômitos e melhor adesão ao tratamento. A combinação reduz o medo de hipoglicemia e ganho de peso, facilitando a adesão ao tratamento e melhorando a qualidade de vida. Estudos como o COMBINE 3 mostraram que a combinação IcoSema semanal não foi inferior em redução de HbA1c comparado ao tratamento basal-bolus diário, com menor ocorrência de hipoglicemia e menor número de aplicações subcutâneas.

Qual o Impacto na Prática? 

As combinações fixas de insulina basal e arGLP1 simplificam o tratamento, reduzem a sobrecarga relacionada ao tratamento e melhoram a adesão do paciente e a qualidade de vida. Elas trazem menor risco de hipoglicemia comparado aos esquemas de insulina basal-bolus ou terapia com insulina basal isolada e reduzem a ocorrência de efeitos colaterais gastrointestinais e risco de ganho de peso. Ao escolher o esquema terapêutico para os pacientes, é importante considerar essas combinações, levando em conta o menor risco de hipoglicemias, menor ganho de peso e a simplificação do esquema terapêutico.

Escrito por: Dra. Julia Leitão, Endocrinologista pela UFPR