ADA 2024 - Informação Importante de Segurança das Novas Terapias para Diabetes (análogos de GLP1 e inibidores de SGLT2)
04 de julho de 2024
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O tratamento do diabetes tipo 2 tem passado por uma revolução com o advento de novas classes de medicamentos potentes que oferecem benefícios além do controle glicêmico. No entanto, com tantas inovações, surge a questão: essas medicações são seguras? No Congresso da ADA 2024, foi abordado os efeitos adversos das novas medicações para diabetes, focando nos análogos do receptor de GLP1 (arGLP1) e inibidores do SGLT2 (iSGLT2).
A Dra. Tina Visboll apresentou uma meta-análise dos estudos de segurança cardiovascular dos análogos de GLP1, que incluem exenatida, semaglutida, liraglutida e dulaglutida, mostrando que não houve aumento do risco de hipoglicemias graves, retinopatia ou efeitos pancreáticos adversos. O estudo SELECT, que acompanhou mais de 17.000 pacientes utilizando semaglutida por mais de 3 anos, indicou um maior risco de doenças da vesícula, mas não mostrou aumento na incidência de neoplasias de tireoide, pâncreas ou vesícula, nem de pancreatite, suicídio ou auto-injúria. O estudo SUSTAIN-6 observou uma piora na retinopatia em pacientes com DM2 que já tinham essa condição no início do estudo, possivelmente relacionada à rápida redução da hemoglobina glicada. Outros estudos passaram a excluir pacientes com retinopatia ativa. Quanto à pancreatite, embora relatos de casos tenham descrito sua ocorrência em pacientes usando arGLP1, os dados são inconsistentes, e os ensaios clínicos não sustentam um aumento do risco. O risco de câncer de pâncreas foi hipotetizado em 2010, mas análises com mais de 3 milhões de pacientes-ano mostraram que não há relação estabelecida entre os arGLP1 e neoplasias. Alterações de tireoide, como hiperplasia de células C e carcinoma medular de tireoide, foram observadas em modelos animais, mas não em humanos, e não há recomendações específicas de rastreio para pacientes usando arGLP1.
O Dr. Ronald Goldemberg destacou que os inibidores de SGLT2 são seguros quando usados corretamente. Eles reduzem a reabsorção urinária de glicose, aumentando a excreção renal de glicose e oferecendo benefícios hipoglicemiantes independentes da insulina, além de proteção cardíaca e nefroproteção. Efeitos colaterais graves incluem cetoacidose diabética, amputação de membros inferiores, gangrena de Fournier e fraturas, embora muitos desses riscos sejam raros ou não comprovados. Estudos mostraram que, a longo prazo, os iSGLT2 são nefroprotetores.
Embora seja fundamental considerar os efeitos adversos e as contraindicações dessas medicações, os estudos são claros em mostrar que os benefícios superam os potenciais riscos. Avaliar cada paciente individualmente, considerando suas comorbidades e situações clínicas, é crucial para garantir os melhores desfechos possíveis. A abordagem personalizada permite extrair os benefícios das medicações enquanto minimiza os riscos, garantindo um tratamento mais seguro e eficaz para o diabetes tipo 2.
Escrito por: Dra. Julia Leitão, Endocrinologista pela UFPR
Autor do conteúdo
Equipe DocToDoc
Referências
Públicação Oficial
https://app.doctodoc.com.br/conteudos/ada-2024-informacao-importante-de-seguranca-das-novas-terapias-para-diabetes-analogos-de-glp1-e-inibidores-de-sglt2
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