Qual o Contexto?

Após a revolução no tratamento do diabetes tipo 2 (DM2) e obesidade com agonistas do receptor de GLP-1 (arGLP-1), novas moléculas incretínicas estão sendo desenvolvidas para melhores resultados terapêuticos. Agonistas com efeito “enviesado” do receptor de GLP-1 podem ser mais eficazes no controle da glicose e do peso. Eles favorecem a produção de AMP cíclico (AMPc) e reduzem a internalização do receptor de GLP-1, potencializando a secreção de insulina e a perda de peso. A ecnoglutida, um análogo de GLP-1 de longa ação com esse viés, foi avaliada em um estudo de fase 3, apresentado no Encontro da Associação Americana de Diabetes 2024, em pacientes com DM2.

Como o Estudo Foi Feito?

Estudo de fase 3, randomizado, duplo-cego, placebo-controlado, envolvendo 211 adultos com DM2 sem controle adequado com dieta e atividade física, em 33 centros na China. Os participantes foram randomizados para receber injeções de 0,6 mg ou 1,2 mg de ecnoglutida, ou placebo, semanalmente, por 24 semanas. Avaliaram-se as mudanças na hemoglobina glicada (HbA1c), peso corporal, IMC, segurança e tolerabilidade. No início, a HbA1c média era 8,52%, e o IMC médio era 27,2 kg/m². Após 24 semanas, reduções significativas na HbA1c foram observadas (1,96 a 2,43%) nos grupos tratados com ecnoglutida comparados ao placebo. Além disso, 76% dos participantes com 1,2 mg de ecnoglutida atingiram HbA1c ≤ 6,5%, 35% HbA1c < 5,7% e 43% perderam pelo menos 5% do peso corporal. A ecnoglutida foi considerada segura e bem tolerada. Os efeitos adversos mais comumente relatados foram: redução do apetite, diarreia e náusea, e em sua maioria foram leve-a a moderados e de caráter transitório.

Qual o Impacto na Prática?

Este estudo traz perspectivas promissoras para o tratamento do DM2 e obesidade, com a ecnoglutida mostrando reduções significativas na HbA1c e no peso corporal. Espera-se que novos dados e pesquisas futuras confirmem esses achados, potencialmente incluindo a ecnoglutida como uma opção terapêutica eficaz para pacientes com DM2.

Texto elaborado por: Dra. Julia Leitão, Endocrinologista pela UFPR