• Home

    Ácido Zoledrônico e Fraturas Clínicas e Mortalidade Após Fratura de Quadril

    17 de outubro de 2024

    5 minutos de leitura

    Pergunta:

    • Zoledronato reduz novas fraturas e mortalidade em pacientes com osteoporose estabelecida?

    Background:

    • A mortalidade após fratura de fêmur é elevada, alcançando índices próximos de 30 a 40%. A evolução clínica após o evento da fratura é frequentemente marcada por intercorrências, como infecção, úlceras de pressão, delirium, TEP / TVP e perda de funcionalidade no período pós-operatório. Além disso, é amplamente reconhecido que uma fratura prévia é um dos maiores fatores de risco para a ocorrência de refratura. Ou seja, um paciente com fratura de fêmur tem 3 vezes mais chances de sofrer uma nova fratura, especialmente no primeiro ano após o evento inicial. Neste contexto, este estudo avaliou se o ácido zoledrônico (AZ) seria capaz de reduzir a mortalidade e a ocorrência de novas fraturas em pacientes com fratura de fêmur prévia. 

    Desenho do Estudo:

    • Ensaio clínico randomizado 

    • Multicêntrico

    • Duplo cego

    • Seriam necessárias 211 novas fraturas para detectar uma redução de 35% nas fraturas clínicas com ácido zoledrônico, com um poder de 90% e um alfa bicaudado de 0,05. Durante o estudo, havia programação de 2 análises interinas.

    • Patrocinado pela indústria Novartis

    População:

    • Pacientes com osteoporose estabelecida com fratura de fêmur

    Critérios de Inclusão:

    • Idade ≥ 50 anos

    • Fratura de fragilidade do fêmur

    • Uso prévio de bisfosfonato não foi um critério de exclusão, desde que realizado período de washout

    • SERM, TRH ou tibolona podiam ser usados concomitantemente

    Critérios de Exclusão:

    • Câncer ativo

    • Expectativa de vida <6 meses

    • Uso de ranelato de estrôncio, teriparatide

    • Gestação

    • Hipo ou hipercalcemia

    • Taxa de filtração glomerular <30ml/min/1,73m

    Intervenção:

    • Ácido Zoledrônico 5mg EV dentro de 90 dias após reparo da fratura, com doses anuais subsequentes

    Controle:

    • Placebo EV dentro de 90 dias após reparo da fratura, com doses anuais subsequentes

    Outros Tratamentos:

    • Todos os pacientes receberam suplementação de cálcio (1000-1500mg ao dia) e de vitamina D (800-1200 UI ao dia)

    Desfechos:

    • Primário: nova fratura clínica (excluindo facial ou digital)

    • Secundários: mudança de densidade mineral óssea (DMO), fratura não vertebral, vertebral e quadril, morte, efeitos colaterais

    Características dos Pacientes:

     

    Masculino (24% Masculino)Feminino (76% Feminino)
    Masculino
    Feminino

     

    • Grupo Placebo (N=1062) x Ácido Zoledrônico (N=1065):

    • Idade (anos): 74,6±9,86 x 74,4±9,48

    • Brancos: 90,9% x 91,4%

    • Sexo feminino: 75,5% x 76,7%

    • IMC: 24,8±4,5 x 24,7±4,4

    • T score de colo fêmur <-2,5: 41,1% x 42,3%

    • Menos de 10% dos pacientes usavam terapia antiosteoporótica concomitante 

    • Tempo médio de follow-up: 1,9 anos 

    Resultados:

    • A taxa de qualquer nova fratura clínica foi de 8,6% no grupo AZ, em comparação com 13,9% no grupo placebo (HR 0,65 95%IC 0,50-0,84, p=0,001)

     

    
    

     

    • A taxa de nova fratura clínica não vertebral foi de 7,6% no grupo AZ e 10,7% no placebo (HR 0,73 95%IC 0,55-0,98, p=0,03) 

    • A taxa de fratura de quadril foi de 2,0% no AZ e 3,5% (HR 0,70 95%IC 0,41-1,19, p=0,18)

    • A taxa de nova fratura vertebral clínica foi de 1,7% no grupo AZ vs 3,8% do placebo (HR 0,54 95%IC 0,32-0,92, p=0,02)

    • Aos 24 meses, houve aumento significativo da DMO em fêmur total de 4,7% no AZ vs -0,7% no placebo; e aumento de DMO colo femoral 2,2% no AZ e -2,1% no placebo

    • A taxa de morte foi de 9,6% no AZ vs 13,3% no placebo (HR 0,72 95%IC 0,56-0,93, p=0,01)

    • Os efeitos colaterais mais comuns no grupo AZ foram febre (8,7%), mialgia (4,9%), dor óssea (3,2%) ou muscular (3,1%). Não houve nenhum caso de osteonecrose. A frequência de fibrilação atrial foi semelhante em ambos os grupos (~1%). Além disso, não houve diferença no tempo de cicatrização de fratura entre os grupos.

    Conclusões:

    • Zoledronato reduziu a incidência de novas fraturas clínicas em pacientes com fratura de fêmur prévia

    Pontos Fortes:

    • Estudo multicêntrico, com maior validade externa 

    • Grande número de pacientes

    • Avaliou desfechos clínicos relevantes, e não somente variação de DMO

    Pontos Fracos:

    • Controverso manter pacientes com risco muito alto de fratura (considerando que já apresentavam fratura de fêmur basal) em um grupo placebo (potencialmente antiético)

    • Relativamente poucos eventos de fratura no estudo (<10% de novas fraturas clínicas em pacientes de muito alto risco), provavelmente devido ao curto tempo de follow-up. Isso se refletiu na ausência de uma diferença significativa na redução de fratura de quadril entre ambos os grupos, por exemplo.

    • A redução da mortalidade deve ser vista com cautela. A mortalidade foi uma análise exploratória secundária, provavelmente underpowered para comparação entre os grupos. Além disso, a ausência de diferença na incidência de fratura de quadril (que é classicamente mais associada a desfechos desfavoráveis, como óbito) entre os grupos levanta ainda mais dúvidas sobre esse achado positivo.

    • Não houve avaliação de fratura vertebral morfométrica de rotina (somente se houvesse clínica), nem de DMO de sítio lombar


    Autor do conteúdo

    Matheo Stumpf


    Referências

    Públicação Oficial

    https://app.doctodoc.com.br/conteudos/acido-zoledronico-e-fraturas-clinicas-e-mortalidade-apos-fratura-de-quadril


    Compartilhe

    Portal de Conteúdos MEDCode

    Home

    Copyright © 2024 Portal de Conteúdos MEDCode. Todos os direitos reservados.